Quando
alguém procurava no sonho sentir o feitiço que um mágico deixou perdido nas
brumas do tempo, apenas ela sabia o truque. Nem cartas, nem dados lançava. Dos
seus olhos da cor de carvão saíam estrelas de luz e estradas para o caminho de
Damasco. Sorria, sorria sempre! Na palma da mão encontrava o futuro escondido
no decote do teu vestido.
Na bruma da manhã
o amor é mais forte
Nove vezes mais
como as ilhas ...
As ilhas são nove
Verdes, como a cor da esperança
de um dia incerto.
E mesmo na bruma
São sedutoras
e deslumbram nessa diversidade.
Assim como tu me seduzes
com o teu coração navegante
nove vezes por dia ...
Até as cores do céu e do mar
e das flores
são pintadas pelos
suspiros dos amores.
E lá eu respiro de ti
e no silêncio do azul acordar
em volta do mar,
deixo a promessa de lá te encontrar.
O poema amanhece
com a ilha na mão
e no teu olhar seduz-me
a paixão.
Ingredientes: 250 gr de bolacha Maria 200 gr de chocolate 100 gr de manteiga sem sal
2 gemas 2 colheres sopa de vinho do Porto 50gr de amêndoa ralada (opção)
Quase todas as minhas receitas, eu digo minhas, porque são sempre adaptadas por mim, ou para alterar algum ingrediente, ou para acrescentar alguma coisa que considero importante, ou simplesmente porque tenho que dar o meu cunho pessoal ao que cozinho e no qual coloco sempre um pouco do meu afeto.
E o verão chama os amigos, as conversas e os risos e as brincadeiras dos filhos ao ar livre. Roupas leves e frescas, ir à praia, passear à noite, fazer piqueniques, enfim conviver e viver de novo.
Nunca se pode reunir tudo isto num único momento, há sempre um cantinho do coração que suspira, há sempre uma razão para a plenitude não ser completa. Mas não é essa mesmo a razão de viver, a esperança de alcançar, o desejo de felicidade?
Procura-se no céu azul, sonha-se no romance que lemos, recorda-se nas fotografias que guardamos e nos rostos a sorrir encontramos sempre motivos de alegria,
E o piquenique da criançada foi motivo para eu fazer esta receita de salame que adoçou ainda mais os sorrisos de todos.
E num cesto de generosidade, na toalha repleta de mimos amigos e num dia em que me permiti sonhar, que talvez um dia serei muito feliz, tudo foi perfeito. « Tudo é tranquilo, e casto, e sonhador ... / Olhando esta paisagem que é uma tela / De Deus, eu penso então: onde há pintor, / Onde há artista de saber profundo, / Que possa imaginar coisa mais bela, / Mais delicada e linda neste mundo?! Florbela Espanca»
Até o salame estava delicioso!
Receita:
Ralar finamente 200g de bolachas e esmagar grosseiramente as restantes. Partir o chocolate em quadrados e adicionar a manteiga. Levar ao lume a derreter e juntar o vinho do Porto ao chocolate derretido Numa taça juntar a bolacha ralada, as bolachas partidas, as gemas, a amêndoa ralada e o chocolate derretido com o vinho do Porto. Misturar muito bem. Colocar o preparado numa ou em duas folhas de alumínio. Moldar um rolo, fechar com o papel de alumínio e apertar muito bem. Guardar no frigorífico até servir.
E vou ouvindo Lisa Gerrard e sonhando com mares e com marés e com viagens e marinheiros
É um casebre pequeno
velho, de pedra poida
dos dias de ontem
Tem memórias escondidas
dos dias em que eu crescia
como as ervas em redor
Já então sonhava
com a poesia
E por lá fechava
no coração a contemplação
ao mundo
Na paisagem agreste
via o deslumbramento
do voo dos pássaros
e dentro da casa
na sombra da tarde
quando a abelha passeava
o zumbido em volta do cortiço
preparava a alma
para florir no corpo
e semear sorrisos
nos olhos de criança
Verão, na tarde quente, nem o
intenso zumbido à volta da colmeia fazia prever o que estava prestes a
acontecer, novo enxame chegara. Grande azáfama! Uma multidão de operárias,
zangãos e sua alteza a rainha aglomerados à porta fugiam dos inseticidas
pulverizados pelo avião que matam mais que praga de ácaros. O reduzido número
de quadros disponíveis não permitia a sobrevivência de toda a população da nova
colónia recém-chegada. Em Julho abafadiço, fica a abelha no cortiço.
Desafio sobre provérbios de Julho:
Em Julho abafadiço fica a abelha no cortiço
publicado no blogue: Histórias em 77 palavras
http://77palavras.blogspot.pt
Atravessando pela água
deixa passar a saudade
segue murmurando a melancolia
encontros na noite com o luar
vai de mansinho deixem passar.
Sentada debaixo do chorão
abraçando a doçura da tarde,
de encontro ao coração.
Bordando palavras
para vencer a ausência
de um céu em que acreditar
rasgado de elos de luz
Ao cair do crepúsculo
Quando me lês sinto-me desnudada
Mesmo que não me tenhas despido
As palavras são a minha arma e o meu escudo
mas és tu quem guarda as noites e suspende o tempo
Os búzios também guardam os segredos do mar
mas as ondas voltam sempre para beijar a praia
e ao chegar à areia deixam silêncios de paixão
que viram no fundo do mar, lá onde os peixes se escondem
e as estrelas seduzem e nem mil anos é o fim
Só tu me conheces no som do vento e do mar
A noite dócil
e perene
sem pressa
seduz-me
nas odes do mar
profundo!
Quando tanto
do meu anseio
se esfuma
em metáforas
até o sol
demora
sereno e cálido
fecundo
como o meu amor...
No sossego
do prazer efémero
deusa
na constelação boreal
por amor
fez-se lua!
Há coisas que nunca foram ditas, porque o silêncio responde a tudo o que não vem escrito na tua voz.
Demoras, e quando for tarde demais o livro vai estar terminado, porque nunca se abre um livro da mesma maneira. O mundo não é o paraíso, mas pode ser a escola onde aprendo a viver em paz. Ajuda-me, preciso construí-la dentro de mim, e dar-te um pouco da harmonia que já nos foi dado conhecer. Não deites tudo a perder. Há capitais que demoram a granjear, para serem esbanjados em devaneios. Os fragmentos que povoam o infinito foram lá colocados por nós não deixes que se crie um vazio, não na vastidão da alma. Deixa-te ficar para além do tempo e mostra-me o teu sorriso nos dedos e a poesia que tens no teu olhar.