segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Sergio Godinho

Sérgio Godinho hoje comemora a vida. 70 anos!
O dom maior logo seguido pela sua capacidade de escrever palavras simples, certeiras, que entram na alma, que ficam cravadas na pele, que nos acompanham pelos dias bons ou maus, mas desde o primeiro dia:

“A principio é simples, anda-se sozinho / Passa-se nas ruas bem devagarinho / Está-se bem no silêncio e no borburinho / Bebe-se as certezas num copo vazio..."

"Com um brilhozinho nos olhos e a saia rodada escancaraste a porta do bar..."
" Este é o primeiro dia do resto das nossas vidas..."
" Na noite passada acordei com o teu beijo..."
" Espalhem a noticia/ do mistéior da delícia/desse ventre que é quente..."
"Eu vou ao fim do mundo/ eu vou ao fundo de mim..."
As vezes o amor...

www.youtube.com/watch?v=jh1aK3qwmuc

O primeiro dia dos 70 anos de Sérgio Godinho
foto: Gerardo Santos/Globalimagem
 






 

domingo, 30 de agosto de 2015

Férias ou escrever um poema

Escrever sobre férias é muito gratificante, pois tem subjacente a ansiedade das mesmas antes da partida. Se tudo foi bem planeado, se o local reservado corresponde ao anunciado, ou se for uma partida à aventura a adrenalina do que se encontra
a cada pausa para descanso ou dormida.
As férias são um bem para todos quantos durante um ano, ou durante um período consecutivo exercem uma atividade de maior ou menor desgaste quer físico quer intelectual, e muito merecido na sua generalidade.
As férias são para usufruir do tempo sem tempo, dos amigos, da família, do sono e do descanso em geral. Férias é chegar sem hora e partir sem roteiro. É estar até apetecer estar. É acordar sem regras e preencher o dia sem obrigações e protocolos.
E quando ao fim das férias voltamos a rir sem preconceitos, a esquecer do relógio sem complexos, a ficar apenas sem receio de parecer uma tonteria de férias, significa que os dias retemperaram as forças, que o descanso caiu no corpo por inteiro. Como quem escreve um poema espalhando palavras pelo chão, saboreando cada uma antes de a colocar no poema e observando a sua forma como quem observa um por do sol.
 
Retomar ao trabalho é como alcançar a montanha deixando poemas espalhados pelo caminho.
Bom trabalho a todos quantos visitam esta página.
 
@Maça de junho

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Homens

Hoje apetece-me refletir sobre os homens. Os vários tipos de homem, referindo-me ao espécime masculino, heterossexual e às suas relações (não apenas a sexual, entenda-se) com a mulher. Existem homens em vários pontos de disponibilidade e de oportunidade numa relação com a mulher. Há homens casados e como tal "indisponíveis" para uma oportunidade de relacionamento a dois. Mas esta indisponibilidade é relativa, pois apenas se coloca quando os dados não são conhecidos pelas partes. Quando o são e o aceitam, o casado é tão disponível como qualquer outro. Depois e muitas vezes fala mais alto o tom da hipocrisia, do faz de conta e dos juízos avaliadores e demolidores de quem usa vezes demais o ditado: "olha o que eu digo, mas não faças o que faço".
Os homens casados têm muitas vantagens: são menos complicados, não chateiam, sabem bem o que querem e não exigem o que não têm para oferecer. Mas não pensem que é só vantagem, nada disso: não estão quando são precisos, não contam na lista de amigos para a festa de aniversário, nem na mesa da consoada, nem no dia em que se sobe com o filho ao altar. É uma chatice!
Bem, mas também há os homens divorciados. E estes, diria alguém, só têm vantagens! Sim, transportam alguma experiência, o fracasso anterior poderá ser catalisador de maior e melhor investimento na relação, serão mais sensatos, terão maior compreensão nos erros dela. Não entendo que assim seja na grande parte das vezes, mas pode haver exceções. O que mais frequentemente se verifica, é que trazem da relação fracassada, as frustrações não resolvidas, são incapazes de gerir a separação de forma serena, e não permitindo nem utilizando esquemas chantagistas sobre as relações com os filhos. Enfim, na maior parte das vezes são um molho de problemas, sem solução e que de relação em relação vão sobrevivendo, procurando na próxima o que não encontraram na última, sem saberem muito bem (ou mal) ao que andam. E como dizia ao gato, Alice no País das Maravilhas, quando se perdeu; 'quando não sabemos para onde queremos ir, qualquer caminho serve'.
Depois ainda há os solteiros, disponíveis (ou não) e que serão os mais apetecíveis, dirão os leitores. A ver vamos, mas não pensem que sou promíscua. Não. Sou é bastante lúcida, e a avaliação e conhecimento do ser humano, aqui me traz.
Sendo solteiros ou são muito novos e o melhor é deixa-los curtir com as meninas de idade próxima, ou já têm uma idade mais composta para se poder aproveitar a embalagem, melhor ainda se o conteúdo estiver a condizer. E neste caso há também vários riscos. Se chegou aqui sem ter sido acorrentado por decisão própria, e agora vê na mulher que encontrou uma continuação do projeto de vida, sem considerandos de oportunidade, de estar a envelhecer, de ter ficado órfão, de precisar de provar na família e na sociedade que também consegue ter êxito na relação com o sexo oposto. Óptimo! Teremos homem. Senão, e se tem andado a vaguear ao sabor das decisões da mãe, ou do pai, da pouca coragem para investir nele como homem e capaz de ganhar e de perder no confronto com outros. Esqueçam raparigas. Este não vos serve. Bem, aproveitai para umas horas de desespero, tipo ida à sex-shop,, mas largai-o depressa, antes que criem vícios.
Conclusão. Homens inteiros, sensatos, inteligentes, disponíveis penso ser uma espécie em vias de extinção. Quem tiver encontrado o seu, considere-se totalista da hora da sorte.
 
@Maça de junho
 
 

domingo, 23 de agosto de 2015

Josefa


 Josefa poderia ser pintora de naturezas-mortas ou de retábulos onde pairam anjinhos, mas preferiu atormentar a crítica que teimava não lhe dar sossego. Tanta intriga fez e foi de tal forma levada a sério, que será recordada a bruxa mais malvada das artes decorativas. Pintar ou tingir dá quase no mesmo, importante é fazer da intriga um modo de vida. Depois disso basta pintar com as cores desejadas e deixar que se espalhem numa amálgama de cores.
 
Desafio RS 28 - Josefa bruxa e intriguista
publicado em: historiasem77palavras.blogspot.pt
 
 

Valdevez


A cada vez que eleva o vozeirão, quase volatiliza a avestruz que se passeia sob o azevinho, voraz com a azevia do almoço. O dia é quente, capaz de vulcanizar o azeviche que cobre a calçada, e na avareza do tempo poucos são os que avalizam a suavidade da voz, como um dom a proteger. Talvez um dia o Valdevez deixe de verbalizar a viuvez e compreenda a importância do verniz, quanto mais não seja, nas unhas!

Desafio 96 - Escrever uma história com 77 palavras usando as mais possíveis com a letra V e Z
publicado no blogue: históriasem77palavras.blogspot.pt
 

 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A Mulher Feliz

Está de pé sobre as brancas dunas. As ondas conduziram-na...
e os ventos empurraram-na. Está ali, na perfeição redonda
da oferenda. E como que adormece no esplendor sereno.
Diz luz porque diz agora e és tu e sou eu, num círculo
só. Está embriagada de ar como uma forte lâmpada.

É uma área de equilíbrio, de movimentos flexíveis,
um repouso incendiado, a vitória de uma pedra.
Abrem-se fundas águas e um novo fogo aparece.
Que lentas são as folhas largas e as areias!
Que denso é este corpo, esta lua de argila!
Nua como uma pedra ardente, mais do que uma promessa
fulgurante, a amorosa presença de uma mulher feliz.
Nela dormem os pássaros, dormem os nomes puros.
Agora crepita a noite, as línguas que circulam.
Crescem, crescem os músculos da mais íntima distância.

António Ramos Rosa, Poesia Completa

@Maça de junho

Foto de Nos Trilhos Do Infinito.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Lembrava-se dele e, por amor, ainda que pensasse
em serpente, diria apenas arabesco; e esconderia
na saia a mordedura quente, a ferida, a marca...
de todos os enganos, faria quase tudo

por amor: daria o sono e o sangue, a casa e a alegria,
e guardaria calados os fantasmas do medo, que são
os donos das maiores verdades. Já de outra vez mentira
e por amor haveria de sentar-se à mesa dele
e negar que o amava, porque amá-lo era um engano
ainda maior do que mentir-lhe. E, por amor, punha-se
a desenhar o tempo como uma linha tonta, sempre
a cair da folha, a prolongar o desencontro.
E fazia estrelas, ainda que pensasse em cruzes;
arabescos, ainda que só se lembrasse de serpentes.

MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA, in A CASA E O CHEIRO DOS LIVROS

Foto de Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Miguel Torga - Aniversário

ANIVERSÁRIO
Mãe:
Que visita tão pura me fizeste
Neste dia!...
Era a tua memória que sorria
Sobre o meu berço.
Nu e pequeno como me deixaste,
Ia chorar de medo e de abandono.
Então vieste, e outra vez cantaste,
Até que veio o sono.

Diário IV

12 de Agosto de 1907-17 de Janeiro de 1995

 

domingo, 9 de agosto de 2015

Happy day

Muitas vezes é para ti que escrevo. Mesmo sabendo que não vens ler o que te digo. Muitas vezes nem escrevo, penso apenas. Mas depois quando conversamos, seja por uns minutos ou por várias horas, abordamos os mais variados assuntos que nos prendem, que nos trazem sob pressão, que temos sob a nossa responsabilidade e raramente falamos de nós. Do que pensamos sobre nós. Porque sobre nós já sabemos praticamente tudo. Há uma frase tua, quando do teu internamento, que me mandaste para me sossegar e essa frase diz tudo: "Eu sei bem o que sentes e o que pensas". E sabes. Eu também sei o que pensas, e o que sentes, mas mesmo assim preciso conversar contigo muitas vezes no meu silêncio interior. Perguntar-te sobre a escolha que fiz de roupa, sobre um filme, sobre uma música, sobre o trabalho, sobre as preocupações, sobre os meus devaneios, sobre as incertezas e dúvidas. Sobre as opções e não opções. Assim como agora, queria perguntar-te sobre as férias. Mas não o vou fazer. O que decidir, sei que tem o teu apoio incondicional. A tua racionalidade não colide com o teu prazer de me sentir bem, de fazer coisas interessantes, de ser eu e a minha cabeça a decidir e a por no caminho a minha vida. Por isso gosto tanto de te sentir próximo, de poder reiterar em palavras aquilo que os teus sentidos libertam. Como é bom ouvir a tua voz, seja ao adormecer ou ao acordar e saber de antemão como correu o dia, ou como vai correr, se ela vem com ansiedade ou com cansaço, com exasperação ou com meiguice, e poder deleitar-me nela, mais uma vez. Mas agora não quero o teu olhar preocupado. Vou ouvir o Caetano.

@Maça de junho
https://youtu.be/wAmtLN4PlLU






 

sábado, 8 de agosto de 2015

Um vida de turbulência

Na tropa foi sempre o primeiro do batalhão. Por mais atribulado o dia. E assim aprendeu que a batalha é ganha pela libertação dos sentidos. Mais uma bagatela para colocar na tabuleta que o prende à vida. Analfabeto é que não. A velhice chegou e com ela renovou o sonho de marear. As cartas e o astrolábio estão guardados. Falta o registo do batelão, a fazer no tabelião. Depois será apenas ele e a turbulência do mar.
 
O máximo de palavras com B T L
publicado no blogue: historiasem77palavras.blogsopt.com
 
 
 
 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Paulo de Tarso

São Paulo ou Paulo de Tarso autor das mais belas cartas sobre a Fé, tem na sua Epístola aos Coríntios um dos textos mais belos e claros sobre o amor e o seu poder. Paulo depois de se reencontrar também ele com o dom da Fé, levou a vários povos a possibilidade de se encontrarem com os princípios Cristãos que ele professava. Foi um grande missionário, inspirado e dedicado, uma fome de humanidade e de transformação, que as suas cartas vêm como que uma bem aventurança.
 
Coríntios foi a primeira epístola de São Paulo à Igreja de Corinto, reforça os ensinamentos sobre a Santíssima Trindade e sobre o Espirito Santo.
 
Escrita num estilo apaixonado e vibrante, onde abundam as antíteses e frases cheias de ritmo e de sentido que se tornaram célebres, esta bem pode ser considerada a Carta magna do apostolado cristão, que nos informa sobre aspectos relevantes da missão de Paulo e sobretudo nos revela a sua alma, no que ela tem de mais humano e sobrenatural.


"O amor é paciente, é bondoso; o amor não é invejoso, não é arrogante, não se ensoberbece, não é ambicioso, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." Cap 13,
 
 
 
 
 

sábado, 1 de agosto de 2015

Quando fores assim

Sei que me amas, quando deixas de ser tu para saberes de mim:
Quando me deixas sem palavras,
Quando me surpreendes pela manhã
Quando te lembras de mim antes de adormecer
Quando me encontras sem eu perceber
Quando me mimas sem eu merecer
Quando me chamas em silêncio
Quando me aceitas sem palavras
Quando eu fico para ti, apenas.

@Maça de junho


https://youtu.be/AkBntrqDOO0