terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Bolo de maçã e a cidade

4 maçãs
4 ovos
1 iogurte natural
1/2 copo de iogurte de óleo
1+1/2 copos de iogurte de açúcar
2 copos de iogurte de farinha
1 colher de chá de fermento em pó
Canela q.b.

Preparação

Ligar o forno 180º. Untar uma forma e polvilhar com farinha.Reservar.
Descascar 3 maçãs, guardar as cascas, cortar aos cubos as maças, colocar numa taça e polvilhar com um pouco de açúcar e canela a gosto.Reservar.
Numa taça colocar a farinha e o fermento.Reservar.
Num liquidificador juntar as cascas das maçãs, os ovos, o óleo, o iogurte e o açúcar.Triturar até ficar tudo misturado.
Colocar esta mistura numa taça e juntar a mistura da farinha.Mexer um pouco e envolver a mistura da maçã descascada.
Deitar a massa na forma e de seguida ralar a outra maçã (descascada) directamente para a forma e polvilhar com um pouco mais de açúcar e canela a gosto.
Levar ao forno até estar cozido.
@Maça de Junho

Fiz numa forma em forma de coração e ficou assim.
Uma delicia para deliciar um lanche antes de partirem para mais uma aventura da descoberta do Porto






O Porto é sempre belo. De Inverno quando um dia o céu fica azul e convida à aventura por entre escadarias e paredes de granito

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O Eros e os outros

“Um homem jamais pode entender o tipo de solidão que uma mulher experimenta. Um homem deita-se sobre o útero da mulher apenas para se fortalecer, ele nutre-se desta fusão, ergue-se e vai ao mundo, a seu trabalho, a sua batalha, sua arte. Ele não é solitário. Ele é ocupado. A memória de nadar no líquido aminótico lhe dá energia, completude. 

A mulher pode ser ocupada também, mas ela sente-se vazia. Sensualidade para ela não é apenas uma onda de prazer em que ela se banhou, uma carga elétrica de prazer no contato com outra. Quando o homem se deita sobre o útero dela, ela é preenchida, cada ato de amor, ter o homem dentro dela, um ato de nascer e renascer, carregar uma criança e carregar um homem.
Toda vez que o homem se deita no seu útero renova-se no desejo de agir, de ser. Mas para uma mulher, o climax não é o nascimento, mas o momento em que o homem descansa dentro dela.”



in, Anais Nin

Acrílico em tela: Heart song, - Pegi Smith - EUA




sábado, 14 de fevereiro de 2015

Para um amor

Quando o amor chegar será meu
Agora é apenas teu, talvez
Serei o fermento, a massa a moldar,
O repouso sereno de te bem querer.

O amor nasce, mas morre se não o cuidarmos
Se não colhermos dele os frutos
Se não aconchegarmos a raiz
Se não soubermos cultivá-lo gratuitamente
Na tolerância, na abundância do afeto e do perdão.


Imagem

Dá-me o teu amor se ele não for perene como as flores.
Quero-o apenas quando for para mim e só meu
Quando acima do horizonte não haja nuvem nem sombra

E no solo sagrado apenas entra quem é convidado.
E se deixa ficar nu e descalço, na casa aberta
no coração do outro
na vida que ambos partilham e constroem.

Foto

Espero por ti no cais.
Deixo-me embalar pelas ondas do mar
onde a brisa do vento se deixa ficar


Foto

Mesmo quando em sonhos passeamos no jardim
Envoltos pela cor das folhas que caem
segurando na tua mão, entre a eternidade do momento e a luz difusa do pensamento
Foto

E quando formos velhinhos serei o teu guia
E tu a luz que me alumia,
o abraço nesse dia.

Feliz dia dos namorados
@Maça de junho


domingo, 8 de fevereiro de 2015

Still Alice

Alice era uma mulher simples. Não sabia ler, mas tinha uma cultura excepcional. Tinha umas mãos de seda. Fazia malha e crochet. Peças lindas. Sabia costurar. Os aventais que usava tinham sempre uma fitinha, uma aplicação que lhes dava um ar quase de peça chique. Cozinhava como ninguém. Trabalhava nos campos com tanto afinco e dedicação que na sua horta do pombal, tinha batatas deliciosas, couves tenrinhas, ervilhas no cedo que davam uns caldos maravilhosos, umas galinhas que tinham os ovos mais saborosos da aldeia. Era meiga, protectora, educadora. Criou sozinha uns quantos filhos que o marido lhe deixou cedo, pela doença do minério. Além destes tinha ainda todos os filhos da aldeia, ela que era enfermeira, parteira, psicóloga e avó. Chamavam-na a meio da noite e ela lá ia. Nunca dizia que não, a ninguém. Adorávamos quando ia limpar a nossa casa. De joelhos pelo chão de madeira adiante, limpava tábua por tábua, deixando um rasto de frescura e brilho. O brilho que trazia no olhar, mesmo nos dias em que víamos uma lágrima a espreitar. Quando perguntávamos respondia: - Foi um cisco, já passa. Uma das pessoas mais bondosas que eu tive o privilégio de conhecer. Contava-nos histórias. Ela que não andara na escola, mas que guardava da tradição oral. Sabia imenso sobre animais e plantas e mostrava-nos como se semeava, como se plantava, regava, etc. Ensinou a tratar dos animais, até as aranhas deixava segui caminho. Quando perguntávamos o motivo de não matar a aranha ela respondia: - A bichinha não fez mal a ninguém, para quê matá-la? Gostava muito dos meus pais e de nós. Mas penso que gostava de nós porque sermos filhos deles, pois era do meu pai e da minha mãe que gostava verdadeiramente. Estava sempre disponível para tomar conta de nós, para nos vestir, para nos dar injecções, para nos segurar no colo.  A casa  sempre muito asseada. Tinha a porta sempre aberta. Se a porta estivesse fechada, é porque tinha saído, mas a chave ficava na fechadura. Um dia fui lá a casa e a porta estava aberta. Chamei de fora, como não respondia, entrei. Estava na cozinha, mas não me ligou muito. No fogão tinha um tacho a cozer qualquer coisa. Perguntei o que era. - Estou a fazer um arrozinho de bacalhau e couve, comes cá comigo. Respondi que não, não podia, que a minha mãe estava à minha espera. Dei o recado que lhe levava e ela continuava como que alheada de mim. Algumas vezes ia ao pé da minha mãe e quando lá chegava tinha-se esquecido do que ia fazer. Mas na aldeia, ninguém deu importância. É normal as pessoas ao envelhecerem ficarem mais esquecidas. Nem o médico de família se apercebeu de nada. Era tudo normal. Voltei a perguntar se estava bem. - Estou, mas sabes que quero pôr o sal no arroz e não sei onde o meti?! Começo também a procurar, tanto espreitei e vasculhei que o fui encontrar dentro do frigorífico. Pego numa colher e provo o caldo do tacho no lume e estava uma pilha. Já tinha posto sal por várias vezes e agora nem sabia onde o guardava. Fiquei petrificada. Terminou os seus dias no lar de idosos, sem conhecer ninguém nem a ela própria. Ela que conhecia todos porque todos nasciam pelas suas mãos. Quando eu ia lá visitá-la no inicio perguntava-me: -És a Aldinha ou a Marcinha? Mais tarde vinha a correr para mim, pegava.me na mão e levava-me com ela. Ia colher flores, talvez pensasse ser ainda uma menina e eu a sua irmã. Agora vi este filme, desta Alice. Tal como a outra devastada por uma doença silenciosa que silencia.
 
@Maça de junho



Poster do filme O Meu Nome é Alice



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Paris

Paris é a cidade luz, dos amantes, do fulgor e da magia.
Sempre que estive em Paris, não foi para amar, nem acompanhada por esse amor fulgurante e intenso que nos acompanha a magia dos sonhos. Para sonhar e amar basta-me a presença da pessoa certa e ficaremos em Paris, mesmo que apenas na Rua Augusta, ou junto aos Clérigos, ou na beira da praia ou numa mesa de café com as minhas mãos seguras entre as dele.
Mas compreendo a magia destas avenidas, a sedução desta luz difusa e crua no entrelaçar do olhar dos amantes. Ama-me mesmo que não vás a Paris. Mas se me levares, não deixes de me ensinar o caminho do amor nas margens do Sena, e beija-me quando chegarmos ao pé da Torre Eifel. As histórias que me ensinavam em criança, com princesas, castelos, meninas pobres que encontravam o seu príncipe encantado, não sei alguma vez ocorreram. Mas como todas as histórias de encantar, encantam apenas a quem se deixar levar pelo sonho. 
Eu posso não ter Paris no meu sonho, mas a história fica escrita. Se for apenas um conto que seja. Acrescenta-lhe apenas um ponto e seremos felizes na mesma.
 
@Maçã de junho