terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Tanto

Tanto que gostaria debruçar-me na janela e acenar-te com a mão
olhar dentro de ti para ver teu coração

Tanto que eu gostaria que as flores do meu jardim
abrissem de par em par quando te abeiras de mim

Tanto que eu gostaria de te ter no meu lençol
Acordar quando anoitece com a lua junto ao sol

Tanto que eu gostaria de voar pela janela
pousar no teu ombro para deixar uma pena

Tanto que eu gostaria olhar o céu e sorrir
pegar na minha mão a tua e deixar apenas sentir

@Maça de junho

Foto:internet



domingo, 26 de janeiro de 2014

Limon curd

Há dias em que mesmo estando tudo bem, em que tudo pode parecer perfeito à nossa volta, e até existe harmonia e bem estar, não nos sentimos bem dentro da nossa pele. E aparentemente só motivos para se sentir bem. Mas, falta qualquer coisa. Este coração rebelde que teima em fazer apenas aquilo que quer e que nem sempre é o melhor para a carapaça que o acompanha. 
E hoje é assim, um dia de Inverno, que cheira a nostalgia é até um pouco triste. Como faz falta agora aquele abraço apertado, demorado, intenso como se fosse o último ou o primeiro de muitos que hão-de vir. Mas não estava aqui e bateu a saudade. 
Fugir nem sempre resolve, mas a cozinha é um refúgio retemperador. Não é solução, mas é uma resposta. E assim foi.  Sem telefone, nem música, apenas o pensamento e eu e a voz que subia do coração. Precisava dar uma solução aos limões que vieram já bastante maduros e lembrei-me fazer um limon curd para os aproveitar. E sem telefone, perdi um abraço virtual mas com a mesma vontade da presença que demora. Tudo tem o seu tempo.
 Agora a receita:


Ingredientes:
6 limões, sumo e raspa
600 gr açucar
150 gr manteiga
6 ovos inteiros

Preparação
1. Num tacho, coloque o açúcar, a raspa de limão, a manteiga e o sumo de limão.
Leve ao lume e deixe derreter e quando começar a ferver, deixe ferver durante cerca de 5 minutos. Retire do lume e reserve.

2. Numa tigela bata bem os ovos com uma vara de arames
Aos poucos e enquanto bate, vá juntando a calda, em fio, sem parar de bater.

3. Coloque novamente no tacho.
Deixe cozinhar em lume brando até engrossar, mexendo sempre.
Apague o lume antes de começar a ferver.
Deixe arrefecer um pouco.

4. Guarde em frascos. Vire-os durante 30 minutos para que ganhem vácuo.
Depois de frio, guarde os frascos no frigorífico.

Fica um doce muito cremoso e ligeiramente ácido derivado do limão. É uma boa opção para servir de cobertura ou recheio para bolos, tortas e tartes crepes.
Também pode usar como base para outras sobremesas ou simplesmente para barrar tostas e/ou scones ou acompanhar gelados. 

Sem marcar hora, nem lugar. E nessa infinita e imensa possibilidade de nunca nos cruzarmos em lugar algum, o nosso tempo e lugar um dia coincidiu, na possibilidade finita que o tempo nos dá. E foi assim que deixamos que as nossas almas se abraçassem. Depois quisemos terminar o abraço e ficou a saudade. Tudo tem o seu tempo e o nosso ainda não terminou. 


Porque 
não vens agora, que te quero 
E adias esta urgência? 
Prometes-me o futuro e eu desespero 
O futuro é o disfarce da impotência. 
Hoje, aqui, já, neste momento,
Ou nunca mais.
A sombra do alento é o desalento
O desejo o limite dos mortais. in Miguel Torga, Diário VI



Depois de tudo o que acima transmite fiquei a ouvir, sei que gostarias de ouvir com a cabeça encostada no meu peito, em silêncio, apenas deixando falar os corações.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Silêncio

Quando  o silêncio responde ao vento
desalinha as dobras do coração
e um grito calado explode dentro de mim
num vislumbre de um quadro que ainda ninguém coloriu.
E o tempo sucede-se nos dias e nas noites
de telas brancas sem a cor da paixão
Apenas a tua voz vai deixando umas pinceladas
nas palavras que se escondem debaixo desse mistério
para tingi-las com a cor do céu.
E no silêncio calamos o nosso encontro.

@Maçã de junho


Foto:internet

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Ciao Claudio

Adeus improvisos, adeus música desenhada no ar, adeus Claudio.
Morreu na segunda-feira em Bolonha o maestro italiano Claudio Abbado, aos 80 anos. Abbado era um dos mais prestigiados músicos e dirigentes de orquestra da actualidade. Para além de ter sido diretor musical do Scala de Milão e da Ópera de Viena foi também principal regente das orquestras sinfónicas de Londres, Berlim e Chicago. Em Agosto do ano passado foi nomeado senador vitalício pelo presidente de Itália, Giorgio Napolitano. Até ao ano passado, comandava a orquestra Mozart de Bolonha, criada por ele em 2004. Abbado também é visto na Itália como revolucionário por seus projetos para levar a música clássica a prisões e hospitais. Uma de suas preocupações era divulgar o estilo fora de teatros elitizados, para que jovens e marginalizados fossem atingidos. É reconhecido por ser um diretor afável, simples e tolerante em contraste com o rigoroso e austero e mesmo autoritário Karajan. Para mim ficará a recordação da forma peculiar de guiar a orquestra, desenhando as notas e as claves com os dedos.

@Maça de junho


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

sábado, 18 de janeiro de 2014

Pobres meninos e pobres daqueles que empobrecem o país

... Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca., in (poema) Liberdade, de Fernando Pessoa

Começo pela poesia, pelo conceito do belo, do ritmo, da beleza estilística, porque venho escrever sobre um tema que me aborrece, pelo qual não tenho interesse, nem considero interessante, nem belo, mas andrajoso e conspurcado.
Ainda mais porque não é oportuno:
1- Não, porque é metido às pressas na agenda da AR (A casa da democracia, casa essa onde deveria prevalecer a inteligência e a lucidez);
2- Não, porque apenas aproveitará a meia dúzia de casos, e a menos de meia dúzia de crianças;
3- Não, porque vai custar dinheiro, muito dinheiro, vai permitir esbanjar dinheiro, que sai apenas e só da parte do salário que me confiscam mensalmente, sem o mínimo pudor;
4- Não, porque é apenas e só a tentativa de retirar importância e desviar a atenção do Orçamento de Estado que começa a ser aplicado e porque retira visibilidade ao retificativo que vem a caminho (não perdem por esperar, mas ganham mais cortes, com toda a certeza).
Para mim adopção significa afeto, eu não sei latim, nem grego (já sou da cartilha moderna e como andei sempre pela matemática, tenho alguma dificuldade em perceber a etimologia das palavras), mas adopção talvez derive da palavra adoçar (ajudem-me amigos da latinidade) e se assim for, à sua expressão está ligada ao conceito de adoçar a vida de quem vive na amargura. E a capacidade de abraçar com ternura, de acolher sem preconceitos, de dar educação e criação, não estão no sexo, na orientação sexual, religiosa, política de cada um, mas sim no carácter, no bom senso, no equilíbrio psicológico, na estrutura social e familiar de quem se proponha a adotar. 

Porque será que as instituições continuam repletas de crianças que esperam pelo abraço de uma mãe para adormecer, que não sabem o que é chamar pai a alguém, que nunca tiveram primos com quem brincar?

Tal como Luther King, eu tenho um sonho, um mundo ideal onde todas as crianças são amadas, estimadas e cuidadas pelos seus progenitores.No meu mundo ideal não haveria crianças órfãs porque os pais estariam proibidos de morrer, mas ainda assim haveria tios, primos e amigos para cuidar dos filhos que sobrevivem, como se fossem seus filhos.

O meu mundo ideal não existe!

Nunca existirá, enquanto um bando de delinquentes bem pagos e com ar sabujo ( são pessoas que andam à procura de alguém a quem tramar a vida) se entretêm a decidir a vida das crianças que são nossas, da sociedade.
Termino, lembrando da alegoria da caverna, na Republica de Platão (livro VII) "... presos a uma caverna, de costas para a sua abertura. Nessa condição, só podemos perceber o movimento das sombras do que está acontecendo lá fora". 

@Maça de junho
Foto:internet

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Instante

Agora a casa ficou em silêncio, apenas as almas conversam
E respiram pelo ar frio da noite, esvoaçam até às nuvens
Sonham com castelos no ar

Que importa saber que ao acordar o sonho se vai desmoronar
E até a respirar vou sentir a tua falta, mas acordo feliz
Porque tudo vai acontecer

Até ao olhar o sol os olhos ficam semicerrados a pensar
E a imaginar que é assim quando te abraço, olhos fechados
Para guardar o instante

Porque vai acontecer
Com castelos e com o ar a respirar esse instante.

@Maçã de junho

Foto:internet

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Palavras que amanhecem

Quando anoitece beijo as palavras porque tu não estás aqui
por vezes tenho frio e encosto-me na alma onde deixaste a semente do calor
e quando sinto que o medo desafia o segredo do amor que nos procura,
deixo que o silêncio te afague e são as minhas lágrimas que te protegem.
Escrevo para secar os lamentos que me escorrem pela escuridão do tempo
de um segmento de estrelas ao infinito do mundo, um segundo que seja.
É nas raízes de mim que fica a ternura que deambulou pelo dia adiante
perdida entre os ninhos dos pássaros e as folhas das árvores nuas
na lonjura da última gota de vida que me deste, nesse segundo que foi eterno.
Até a lua se despe e não é o sol que a espera ao acordar
Assim como o meu corpo se enrola e nem sempre espera pela onda do mar.
Escrevo na areia e as palavras são versos do meu amanhecer vazio.
As raízes continuam enterradas bem no fundo
É o coração da terra, e o meu
@Maça de junho
Foto:Mafaldinha





domingo, 12 de janeiro de 2014

Renascer em 77 palavras

O ano percorria os dias do calendário, mas a sua vida seguia sem sentido. O verão começava. A criatividade crescia na medida do desabafo da alma na necessidade de se encontrar. Faltava crítica, algo que desse outra dimensão, outro interesse e qualidade às palavras escritas. Deambulando na blogosfera encontra 77 palavras. Na timidez da aproximação, estuda, lê, conta, risca e começa de novo. E num dia de coragem seguem 77 palavras. A resposta é entusiasmada e doce. 

Desafio nº 9 Rádio Sim: A melhor prenda que recebemos na nossa vida (não precisa de ser material, pode ser emocional)



 
Foto:internet

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Esboço

Desenho o esboço
do teu corpo
no meu modo imaginário
de ser,
doce
redondo
dado.
São traços da minha forma
de te querer,
detalhes
que as nossas cartas jogam
E do que sabes
E do que sei,
são as coisas que trocamos.
os traços seguem as linhas,
pecados desta linha
que nos separa,
nos torna virtuais.
E quando me pedes
que me dê de ti
é para mim que voltas
nesse amor frágil,
inconsolável
de te ter longe
aqui mesmo ao pé de mim.

JORGE BICHO, in POR DENTRO DAS PALAVRAS (Lua de Marfim, 2011)

(poderia ser alguém imaginário, mas será alguém que existe em ti e em mim, porque foi imaginado por ti. Não foste capaz de o escrever para mim, mas foste capaz de o reconhecer para mim. Obrigada)



Foto:internet

domingo, 5 de janeiro de 2014

A cor do amor

De que cor é o amor? Será da cor que o pintarmos. Será da cor que lhe dermos todas as horas em que fazemos com que o amor exista. Conforme há muitas formas de amar, também há muitas cores para o pintar.
Dar espaço para que o outro exista, é pintar de alegria a vida desse alguém. É escutar mesmo nos dias em que tudo ficou cinzento e deixar que seja a cor a mudar-nos a nós. Mesmo que precisemos ficar à sombra. Pois só se compreende, quando deixamos que o tempo passe pelas nossas sombras. Apenas quando ficamos quietos, em silêncio, mas escutando o silêncio do outro, conseguimos compreender e estamos a dar amor e a construir amor. E a cor deixa de ser cinzenta e passa a ser uma névoa clara como aquelas que acordam as manhãs primaveris.
Quando pretendemos controlar, impressionar ou condicionar não damos espaço para nos mostrar como somos, nem para deixar que o outro se mostre tal como é. Uma expressão de amor é deixar o outro manifestar-se na sua essência, na dor, na inquietação, na exaltação. Conhecer é acompanhar, é virar do avesso e deixar vestir a poesia do momento.
Por vezes precisamos de preto no branco, mas fica tudo mais bonito quando deixamos que seja verde ou lilás, azul ou anil, até as flores são de cores diferentes e não é por isso que são menos admiradas. O artista que vive em nós também requer admiração e proteção e por isso o amor, protege, admira, alimenta, inspira, dá quietude e provoca anseios, desejos e capacidade criadora. Todas as histórias repousam dentro de nós, apenas precisamos soltar o fio criador e deixar que nos traga de volta à nossa essência, num ato de amor.
Há um livro de meditação “ O poder do agora” de Eckart Tolle que tem coisas muito bonitas e que não faz mal ler, independentemente do que se pensa do mundo ou da vida. Tem um parágrafo que diz algo assim, estou a citar de cabeça, …ontem fui acordado por um pássaro cantando…” . É reconhecer o amor. No amor escutam-se os pássaros, são eles que nos acordam para apreciar a manhã, o sol a nascer, a brisa para nos beijar o rosto.
O amor está num abraço apertado, no bom dia caloroso, na escolha do agasalho do filho, no apertar dos botões com suavidade, no sorriso a quem passa, no suspirar do pensamento, num prato de sopa.
Quando há amor é como renascer de novo, é passar a viver com pequenas coisas, sons, cheiros, pensamentos em que nunca reparámos antes. É a sensibilidade que surge para pintar de cores suaves e belas a nossa vida. O artista tem todas as cores disponíveis numa paleta como o arco iris. Apenas a ele compete escolher a cor que o fará feliz.
@Maça de junho


sábado, 4 de janeiro de 2014

Pequeno pássaro

Pequenino pássaro
que fazes aqui
num sopro de voz
encantas, sorris

No frio de inverno
não soam chilreios
a alma arrefece
dos teus devaneios

Não esvoaças aqui
nem há mais janelas
onde poisavas do voo
encanto por dentro delas.

@Maçã de junho


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Natal ou utopia?

É o Natal que me encanta. As decorações, as luzes que brilham, a agitação que preenche o espírito das crianças, o frenesim que sentimos. E o olhar, sempre o olhar que se deixa seduzir pela beleza, pela originalidade de um presente, pelo encanto da imaginação infantil. Os sentimentos que nestes dias explodem, adormecidos, o ano inteiro. Fazermos de 2014 um Bom Ano, na generosidade, alegria, amizade, coragem, solidariedade. Será utopia?

Que seja! Desde que 2014 seja Bom!

@Maça de junho

desafio 28 e 29 publicado no blogue histórias em 77 palavras


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Novo

O Ano é novo quero-o bom
no coração que acorda na quietude do amanhecer
e vive em tempo de plantio, das palavras que te dedico
no silêncio das horas tardias. A música surpreende a alma
quando a poesia vem com o teu beijo. É um ano novo e bom!
É inexplicável e é mágico, é doce e é especial
vem de ti.
@Maça de junho