De que cor é o amor? Será da cor que o pintarmos. Será da cor
que lhe dermos todas as horas em que fazemos com que o amor exista. Conforme há
muitas formas de amar, também há muitas cores para o pintar.
Dar espaço para que o outro exista, é pintar de alegria a vida
desse alguém. É escutar mesmo nos dias em que tudo ficou cinzento e deixar que
seja a cor a mudar-nos a nós. Mesmo que precisemos ficar à sombra. Pois só se
compreende, quando deixamos que o tempo passe pelas nossas sombras. Apenas
quando ficamos quietos, em silêncio, mas escutando o silêncio do outro,
conseguimos compreender e estamos a dar amor e a construir amor. E a cor deixa
de ser cinzenta e passa a ser uma névoa clara como aquelas que acordam as
manhãs primaveris.
Quando pretendemos controlar, impressionar ou condicionar não
damos espaço para nos mostrar como somos, nem para deixar que o outro se mostre
tal como é. Uma expressão de amor é deixar o outro manifestar-se na sua
essência, na dor, na inquietação, na exaltação. Conhecer é acompanhar, é virar
do avesso e deixar vestir a poesia do momento.
Por vezes precisamos de preto no branco, mas fica tudo mais
bonito quando deixamos que seja verde ou lilás, azul ou anil, até as flores são
de cores diferentes e não é por isso que são menos admiradas. O artista que
vive em nós também requer admiração e proteção e por isso o amor, protege,
admira, alimenta, inspira, dá quietude e provoca anseios, desejos e capacidade
criadora. Todas as histórias repousam dentro de nós, apenas precisamos soltar o
fio criador e deixar que nos traga de volta à nossa essência, num ato de amor.
Há um livro de meditação “ O poder do agora” de Eckart Tolle que
tem coisas muito bonitas e que não faz mal ler, independentemente do que se
pensa do mundo ou da vida. Tem um parágrafo que diz algo assim, estou a citar
de cabeça, …ontem fui acordado por um pássaro cantando…” . É reconhecer o amor.
No amor escutam-se os pássaros, são eles que nos acordam para apreciar a manhã,
o sol a nascer, a brisa para nos beijar o rosto.
O amor está num abraço apertado, no bom dia caloroso, na escolha
do agasalho do filho, no apertar dos botões com suavidade, no sorriso a quem
passa, no suspirar do pensamento, num prato de sopa.
Quando há amor é como renascer de novo, é passar a viver com
pequenas coisas, sons, cheiros, pensamentos em que nunca reparámos antes. É a
sensibilidade que surge para pintar de cores suaves e belas a nossa vida. O
artista tem todas as cores disponíveis numa paleta como o arco iris. Apenas a
ele compete escolher a cor que o fará feliz.
@Maça de junho
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