segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Como salvar uma mulher

«Quando Eros se deita comigo e não se satisfazendo com o toque, penetra-me.
Esses são dias de arco-íris e expansão, sorrisos criativos, inteira liberdade, fogo apaixonado.
Dias em que se sente a vida a vibrar a cada instante, a manifestar a magia.»

Esta frase não é minha, mas podia ser. Talvez não o soubesse expressar com tanta candura, nem tanta simplicidade. Há dias em que a vida vibra mais insistentemente, como hoje. Há dias em que a magia é maior. Há dias em que tudo acontece com maior naturalidade. Assim poderia ser sempre.

Como escreveu Miguel Torga: (...) se um homem tocar uma mulher, sente pecado; se uma mulher se sentir tocada, sente-se salva. in Diário XIII

@Maça de junho

 

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O paradoxo do salazar

Era uma cozinha gourmet. Em cada potinho um condimento, em cada gaveta um utensílio, talheres por tamanho e por função, tesouras a um lado, colheres de pau no outro. Todos se conheciam, mas nunca falavam. Por vezes juntavam-se na pia, mergulhados na água onde quase se sentiam afogados. Um dia, o salazar achou que já era tempo de fazer alguma coisa e aproveitando a folga, escreveu um manifesto exigindo liberdade, direitos e garantias.  Partiam para a greve!

Desafio escritiva nº2, (greve na cozinha) publicado em 77palavras.blogspot.pt
Nota: salazar é um utensílio culinário, espátula.














Enquanto escrevo, enquanto me divirto com as palavras, vou ouvindo: https://youtu.be/mYYDdn1rRKs





domingo, 22 de novembro de 2015

E se a amizade fosse táxi

A amizade é assim como algo que se semeia e se vai colhendo. E quanto mais colhemos, mais floresce. É tão bom sentir a amizade verdadeira. Aquela que nos diz exatamente o que somos, o que fazemos e continua a crescer. Hoje naqueles breves minutos foi assim. Bebi um cálice de amizade contigo. Sorrimos, sentimos a presença do outro. O resto da sala não teve importância.
Talvez não te tenha dito o elogio que precisavas, talvez não tenha dito as palavras certas que gostavas mais de ouvir. Mas tudo o que disse era verdadeiro, como verdadeiro o olhar cristalino que te guardou.
Tu também não me disseste coisas bonitas que eu gostaria de ouvir da tua boca. Não era preciso. Disseste o que sentias. Sim, eu sei que gostarias de me ver mais bonita. Mas podes ficar com a certeza de que fiquei mais bonita depois de te ver e de beber dos teus olhos a beleza que transportas contigo e de sorver a inteligência e sabedoria que colocas nas palavras. Saí mais bonita e mais rica. Como sempre, aliás. Porque a amizade cura a alma, ilumina quem a recebe e alimenta o coração. Saí saciada de ti.  Contigo não sei o que se passou. Vi o teu olhar iluminado, um certo enternecimento na voz, o teu ar trocista. Espero que tenhas regressado mais leve. O táxi espera...
 
@Maça de junho
 
 
 




 
 

sábado, 21 de novembro de 2015

Hoje poderia ser assim ou não...

Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém a minha alma ficava completamente feliz.
Cecília Meireles.







https://www.youtube.com/watch?v=wuz2ILq4UeA

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Manuel António Pina



Nasceu no Sabugal no dia 18 de Novembro 1943 e terminou os seus dias no Porto a 19 outubro de 2012

«Amor como em casa
Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que ...
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.»

Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde

sábado, 14 de novembro de 2015

O jogo


Fazer um furo. Paciência! Saiu-lhe mal. Hora de ter juízo, que a maçaneta parecia porcelana. Não teria problemas se usasse martelo, em vez de massacrar a parede. O pai é que não iria rir, quando descobrisse o estado do bispo. Mais peso só uma pedra. De feitio torcido, imaginava o conteúdo da caixa. O irmão, palerma, é que estragou tudo, com o livro novo, atrás do qual se escondeu quando o pai perguntou pelo tabuleiro de xadrez.
 
Desafio RS 31 - furo, juízo, maçaneta, problemas, massacrar, bispo, peso, pedra, torcido, conteúdo, palerma, livro, escondeu
Com as palavras impostas e pela ordem que foram indicadas, fazer um texto em 77 palavras.
publicado em históriasem77palavras.blogspot.com
 @Maça de junho
 
 



 

sábado, 7 de novembro de 2015

O meu reino por um governo

Preciso fazer um ponto da situação para memória futura e porque a minha memória anda desmemoriada, acho!
A grande maioria de esquerda acordou quanto ao programa de governo do PS, mais coisa, menos coisa. Mas pretende deixar-nos a dormir. Senão vejamos:
Há um acordo PS e PCP
Há um acordo PS e PEV
Há um acordo PS e BE...
Até aqui parece que estamos todos também de acordo.
Mas não sei se há acordo entre PCP e BE, nem BE e PEV, nem PEV e PCP. Que também daria jeito, digo eu, que nem sei muito bem que dizer...
Tudo isto é muito interessante, é um passo para o homem e outro para a humanidade do PCP, bem sabemos.
Também sabemos, que tudo isto que foi acordado (o rol é grande, e para não me alongar, dada a hora, quem quiser saber mais leia o programa de governo do PS) vai precisar de um orçamento de estado, que pelo que vou entendendo será a equipa do Costa a tratar disto. Mas este dito OE vai ser também ele objeto de acordo entre aquelas siglas que usei acima, ou não? Ajudem-me que agora começo a não perceber muito bem.
Mas se bem entendo, o famigerado OE vai andar também ele a correr Seca e Meca até haver fumo branco, não?
Ok. E vamos supor também que vai ser tudo porreiro e tal, e que as contas tirando a prova dos nove dão todas certinhas. De seguida terá que ir dar um giro ao eixo franco-alemão e passar pela calculadora da dona Merkel. A senhora e aqueles senhores com nomes estranhos que também usam uma sigla, para se poder pronunciar, mesmo nos dias em que comemos uma bola de berlim, certamente não vão perceber as contas. E depois como será? Devolvem o documento com o carimbo de: façam constar os pontos do acordo com o eurogrupo, (nem sei quem são estes. Acho que são uma espécie de autocratas da europa), senão o Banco Central e restantes entidades financiadoras do retangulo à beira mar plantado terão que intervir. Nesta altura o Cavaco já estará reformado para ficar com as culpas de que afinal não tinha visão, e tal, e que não deveria ter dado posse, nem poderes a esta gentinha e que afinal a culpa disto é dele como se estava mesmo a ver...

Um dia algum dos nossos netos que seja dramaturgo escreverá uma peça sobre tudo isto, o nome será "o meu reino por um governo" ag

@Maça de junho

https://www.youtube.com/watch?v=LDKvkGnaEz8