Sophia

foto:internet
«Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar.
......
No dia seguinte o rapaz chegou à praia, sentou-se ao lado da menina do mar e disse:
-hoje trago-te uma coisa da terra que é bonita e tem lá dentro alegria. ...
Na terra -respondeu o rapaz- há uma planta que se chama videira. No inverno parece morta e seca. Mas na primavera enche-se de folhas e no verão enche-se de frutos que se chamam uvas e que crescem em cachos. E no outono os homens colhem os cachos de uvas e põem-nos em grandes tanques de pedra onde os pisam até que o sumo escorra», A menina do mar

«Há duas especies de fadas: as fadas boas e as fadas más. As fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más.
Asa fadas boas regam as flores com orvalho, acendem o lume dos velhos, seguram pelo bibe das crianças que vão cair ao rio, encantam os jardins, dançam no ar, inventam sonhos e, à noite, põem moedas de oiro dentro dos sapatos dos pobres.», A fada Oriana

Gesto
Eu em tudo te vi amanhecer
Mas nenhuma presença te cumpriu,
Só me ficou o gesto que subiu
Às minhas longinquas fontes do meu ser.

Paisagem
Passavam pelo ar aves repentinas,
O cheiro da terra era fundo e amargo,

E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas. 

Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
Era a carne das árvores elástica e dura,
Eram as gotas de sangue da resina
E as folhas em que a luz se descombina. 

Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas do vento
Era o livre e luminoso chamamento
Da asa dos espaços fugitiva.

Eram os pinheirais onde o céu poisa,
Era o peso e era a cor de cada coisa,
A sua quietude, secretamente viva,
E a sua exalação afirmativa. 

Era a verdade e a força do mar largo,
Cuja voz, quando se quebra, sobe,
Era o regresso sem fim e a claridade
Das praias onde a direito o vento corre.


Terror de te amar
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo.
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Noite
Sozinha estou entre paredes brancas.
Pela janela azul entrou a noite
Com o seu rosto altissimo de estrelas.

Obra poética