domingo, 30 de setembro de 2012

Por entre a folhagem verde e amarela das vinhas
Onde a azáfama não deixa o pensamento voar
Sonho com um amanhã que é o presente, vivido como se não houvesse futuro,
No rigor do estio que se veste de outono, o sol escalda as pedras que seguram as encostas
Por onde premeiam os bardos das castas mais puras.
O dourado das uvas reflete a emoção que me invade
e vejo nos meus olhos o teu olhar perdido na distância
refletindo o doce néctar divino
Nesta visão sublime que me aquece e me seduz.




quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Agora que a chuva lava o tempo
Sinto um arrepio comovido
por dentro de mim
O céu cinzento no crepúsculo do dia
anuncia mais um verso de poesia


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Um dia especial

Há dias especiais e pessoas que os tornam ainda mais especiais,
Pela partilha, generosidade, pela presença e pelo calor que colocam em cada frase que nos dirigem.
Há dias cheios.
De coisas novas, de novos ensinamentos, de conversas sobre tudo e sobre nada...
De risos cúmplices e cumplicidades diversas, que nos surpreendem!
Há conversas que soam a pautas musicais
E há gestos de carinho que saciam a alma
Deixo também eu o meu gesto de ternura
Neste rio que corre de encontro a uma imensidão
De mar!



domingo, 23 de setembro de 2012

Doce de marmelo


Chegou o outono e os dias ganham novos sabores, o sol ainda é quente e fustiga a pele com os seus raios incandescentes. Este sábado é um dia assim! 
Mas por vezes uma letargia apodera-se do meu corpo deixando-me numa dormência que mal permite arrastar-me entre as horas do dia. Também se não serve para mais nada! Mas a minha cabeça fervilha e por vezes é mau. Tentei atirar para bem longe estas nuvens poisadas sobre mim e parecem querer  sufocar-me e nada melhor que procurar refugio na cozinha. Os tachos e panelas abrem os braços para mim, mas hoje não os vejo nem sinto. Ouvir música também é solução, mas hoje não! Hoje até o silêncio incomoda. 
O pior é que nada se compadece das necessidades da vida de uma criança. Por isso mesmo dolente e triste fui. E as mágoas e a sombra que sobrevoava este  espírito estranho foram-se afastando. Não completamente, mas aos poucos retomo o ritmo dos dias felizes.
A sopa ficou deliciosa com base de batata, cebola e um dente de alho. Depois fiz um polme bem macio ao qual acrescentei espinafres e cenoura ralada. De tempero apenas azeite e um pouco de sal. 
Mas a minha alma pedia um doce para mimar um coração infeliz. Fiz uma das minhas sobremesas preferidas, do outono. Marmelo cozido com açucar e canela. Fica tão saboroso e tão suave que não resistimos a repetir. Ainda por cima deixando um aroma inebriante espalhado pela casa por momentos até me esqueci o quanto dói viver!






sábado, 22 de setembro de 2012

Pedaços



Sonhava contigo esta noite
Vinhas ao meu encontro, trémulo de desejo vibrante
O teu coração do tamanho do teu amor
Abraçou-me e absorveu todos os medos que em mim habitavam
Davas-me  a provar o néctar da vida
E eu sem nada para retribuir.
Mas se quiseres posso construir uma palheira
E fazer  uma cama com nuvens de algodão
Para viver de caricias esta grande aventura, esta louca paixão
E ficar contigo todas as noites de lua cheia.
E quando tremer de frio, desejo e emoção
Encontrar no teu corpo o calor que queima
E abrigar-me nele qual ave no ninho.
por entre pedaços de ti e de mim.




segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Passeio na mãe natureza

Por aqui onde os ramos do diospireiro se cruzam com o loureiro, escutando a água do rio, que cai de encontro às mós do moinho de água, e que mais abaixo regressa ao seu curso, percorrendo os labirintos deixados pelas raízes do amieiro, penso em ti.
Imagino o teu olhar termo pousado sobre mim enquanto apanho bolotas para dar aos animais da quinta. Deixo-me envolver por esta emoção e tal como nos dias de outono quando os cogumelos proliferam por entre a vegetação rasteira, aliando-os ao mundo encantado e mágico da nossa infância,  a nostalgia da ausência deixa que absorva os mistérios da natureza, sentindo o calor da tua mão segurando a minha, numa tentativa perdida de não me perderes nesta floresta de árvores e vegetação frondosa.
Se estivesses aqui falaríamos das espécies do carvalho e dos castanheiros, esperaríamos que o esquilo se afastasse para não serem os nossos passos a assustá-lo na recolha de sementes que anda a fazer, os sons únicos que aqui se escutam e os cheiros da terra e das aromáticas, mereceriam a nossa cumplicidade e seríamos apenas um coração a bater em uníssono, tal como a natureza envolvente que parece única e constitui as mais diversas formas de vida.
Por ti e pensando em ti, no meio desta reserva natural de fauna e flora, únicas, onde todas as espécies sentem e vivem a liberdade eu sinto-me viva.


Foto: Esquilo

sábado, 15 de setembro de 2012

O sol quando nasce é para todos

Todos os dias, desde o acordar, são uma forma de comemorar a vida e celebrar tudo aquilo que de bom se retira e nos preenche. Os amigos que nos acompanham, a família que adoramos, o filho que vemos crescer com desvelo e emoção, e aquele amor que vivemos e nos faz viver de novo e outra vez e com mais intensidade e nos mostra que afinal ainda sabemos rir. Mas eu também não sei viver sem a mãe natureza. O nascer e o  pôr-do-sol, a espuma das ondas, uma árvore agitada pelo vento, a chuva a escorrer pela janela, o cheiro da terra lavrada, um ninho de carriça ou de andorinha, uma árvore em flor, as vinhas no douro, os penedos de uma serra, os ramos de um vidoeiro gelados no inverno ou uma queda de água na serra, são motivos para eu sorrir e para em cada dia me sentir grata e agradecida por tanto mimo que chega ao meu coração.



Fotos: Mafaldinha
Hoje, do meu terraço, vi o sol nascer . Eram 7:29 e 7:32 quando tirei estas fotos e pensei como sou feliz! Queria ter a sabedoria e a inteligência necessárias para dar um pouco de tudo isto a quem me preenche os dias.

Poesia Reunida


«...E trago portas abertas no coração:
se ainda não sabias, és muito bem-vindo.», 
in Poesia Reunida de Maria do Rosário Pedreira







Um livro de poesia ou de versos, escolhido por nós, que eu já tenho junto de mim, para pegar e acariciar e sonhar, em cada verso que leio para ti.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Namora uma rapariga que lê

Não foi escrito por mim, mas caracteriza na perfeição como penso e vejo algumas atitudes da vida.
Aliás acho que poderei dizer que quase me define! Impossível não publicar aqui - (retirado da internet)

Foto:internet


"Namora uma rapariga que lê. Namora uma rapariga que gaste o dinheiro dela em livros, em vez de roupas. Ela tem problemas de arrumação porque tem demasiados livros. Namora uma rapariga que tenha uma lista de livros que quer ler, que tenha um cartão da biblioteca desde os doze anos.

Encontra uma rapariga que lê. Vais saber que é ela, porque anda sempre com um livro por ler dentro da mala. É aquela que percorre amorosamente as estantes da livraria, aquela que dá um grito imperceptível ao encontrar o livro que queria. Vês aquela miúda com ar estranho, cheirando as páginas de um livro velho, numa loja de livros em segunda mão? É a leitora. Nunca resistem a cheirar as páginas, especialmente quando ficam amarelas.

Ela é a rapariga que lê enquanto espera no café ao fundo da rua. Se espreitares a chávena, vês que a espuma do leite ainda paira por cima, porque ela já está absorta. Perdida num mundo feito pelo autor. Senta-te. Ela pode ver-te de relance, porque a maior parte das raparigas que lêem não gostam de ser interrompidas. Pergunta-lhe se está a gostar do livro.
Oferece-lhe outra chávena de café com leite.
Diz-lhe o que realmente pensas do Murakami. Descobre se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entende que, se ela disser ter percebido oUlisses de James Joyce, é só para soar inteligente. Pergunta-lhe se gosta da Alice ou se gostaria de ser a Alice.



É fácil namorar com uma rapariga que lê. Oferece-lhe livros no dia de anos, no Natal e em datas de aniversários. Oferece-lhe palavras como presente, em poemas, em canções. Oferece-lhe Neruda, Pound, Sexton, cummings. Deixa-a saber que tu percebes que as palavras são amor. Percebe que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade – mas, caramba, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco com o seu livro favorito. Se ela conseguir, a culpa não será tua.
Ela tem de arriscar, de alguma maneira.
Mente-lhe. Se ela compreender a sintaxe, vai perceber a tua necessidade de mentir. Atrás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. Nunca será o fim do mundo.
Desilude-a. Porque uma rapariga que lê compreende que falhar conduz sempre ao clímax. Porque essas raparigas sabem que todas as coisas chegam ao fim. Que podes sempre escrever uma sequela. Que podes começar outra vez e outra vez e continuar a ser o herói. Que na vida é suposto existir um vilão ou dois.
Porquê assustares-te com tudo o que não és? As raparigas que lêem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Excepto na saga Crepúsculo.
Se encontrares uma rapariga que leia, mantém-na perto de ti. Quando a vires acordada às duas da manhã, a chorar e a apertar um livro contra o peito, faz-lhe uma chávena de chá e abraça-a. Podes perdê-la por um par de horas, mas ela volta para ti. Falará como se as personagens do livro fossem reais, porque são mesmo, durante algum tempo.
Vais declarar-te num balão de ar quente. Ou durante um concerto de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Pelo Skype.
Vais sorrir tanto que te perguntarás por que é que o teu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Juntos, vão escrever a história das vossas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos ainda mais estranhos. Ela vai apresentar os vossos filhos ao Gato do Chapéu e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos da vossa velhice e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto tu sacodes a neve das tuas botas.
Namora uma rapariga que lê, porque tu mereces. Mereces uma rapariga que te pode dar a vida mais colorida que consegues imaginar. Se só lhe podes oferecer monotonia, horas requentadas e propostas mal cozinhadas, estás melhor sozinho. Mas se queres o mundo e os mundos que estão para além do mundo, então, namora uma rapariga que lê.

Ou, melhor ainda, namora uma rapariga que escreve."


(Texto de Rosemary Urquico, encontrado no blogue de Cynthia Grow. Tradução “informal” de Carla Maia de Almeida para celebrar o Dia Mundial do Livro, 23 de Abril.)

domingo, 9 de setembro de 2012

Tarte de nata

Amanhã é o inicio oficial da escola e o nosso Bambino vai começar uma nova etapa na sua vida escolar. De manhã estivemos a preparar o material comprado ontem, conforme a lista fornecida pela escola. Etiquetar, identificar com o nome do aluno e guardar. Depois fiquei a pensar que deveriamos de alguma formalizar a ocasião e vai daí lembrei-me da tarte para o lanche. Posso garantir que ficou deliciosa!

Esta receita é muito fácil, e muito agradável para servir como sobremesa. É o típico pastel de nata nacional comido em fatias. A mesma receita dá para fazer pasteis de nata individuais, para isso basta cortar a massa em pequenos círculos e forrar as forminhas de queque. O tempo de cozedura é menor, cerca de 10 minutos.



Ingredientes:
3 dl natas
6 gemas de ovo
120 gr de açucar
uma embalagem de massa folhada fresca
canela en pó, qb

Leva-se ao lume as natas e as gemas mexidas com o açucar, mexendo com regularidade com uma vara de arames, até fervilhar e começar a engrossar.
Numa tarteira coloca-se a massa folhada deixando ficar por baixo o papel em que vem enrolada, deita-se o preparado e vai ao forno pré-aquecido, a cerca de 200º, por cerca de 15 minutos.
Deixa-se arrefecer e polvilha-se com canela  a gosto.

Bom apetite!







Ver crianças a brincar 
lá fora na porta da rua 
dá vontade de voltar
aos jogos da capicua

Jogam às escondidas
lançam bolas e raquetes
andam de bicicleta
só falta lançar foguetes

Gritam, correm os petizes
barulheira infernal
olhar crianças felizes
até quando em Portugal!


Tarte de espinafres e alho francês

Na cozinha como em tudo na vida o ingrediente mais importante de qualquer receita é a ternura. Depois o tempero fica ao gosto de cada um, mais ou menos gramas. Posso afirmar que nunca leva demais.Esta tarte salgada de hoje, foi feita com imenso prazer, como aliás me acontece quando ando em volta dos tachos. E gosto de fazer tartes. É um prato muito fácil e rápido de elaborar e que geralmente agrada a todos os comensais e com a garantia de ser muito apreciado por crianças e jovens. Serve para entrada, para acompanhamento de uma refeição principal,  e até para um lanche. Foi servida no nosso almoço, e acompanhou arroz branco e salada, no prato da criança, no meu acompanhou apenas salada, pois os excessos serão cometidos no jantar com os amigos. 


Ingredientes:
1 base de massa quebrada (para tartes) fresca;
1 cebola pequena cortada em meias luas finas
1 alho francês cortado em rodelas finas
1 molho pequeno de espinafres, arranjados para se utilizar apenas as folhas
1 dente de alho
2 colheres de sopa de azeite virgem
ervas aromáticas (óregãos, tomilho - utilizei fresco do meu vaso, ou outras a gosto, também fica bem salsa e manjericão)
1 pacote de natas
2 ovos

leva-se ao lume no azeite os legumes todos a saltear, temperam-se com uma pitada de sal e com as ervas aromáticas a gosto. Forra-se uma forma de tarte com a massa e cobre-se com os legumes salteados, batem-se os ovos com as natas (nesta utilizei apenas metade do pacote) e leva-se ao forno pré-aquecido 200º cerca de 15 minutos.  












Tudo isto vai bem a recordar John Coltrane


sábado, 8 de setembro de 2012

De não saber o que me espera


Cada vez sabemos menos o que nos espera! 
O Ine (Instituto Nacional de Estatistica) anunciou que as exportações nacionais de bens e serviços desceram neste segundo trimestre para níveis idênticos a 2009, e o senhor Primeiro Ministro anunciou novas medidas de austeridade para penalizar os rendimentos do trabalho, num discurso vazio, de conteúdo e de forma, apenas atirando para o ar umas dicas de como vão os portugueses de segunda ( primeira é filet mignon onde não se toca )  pagar a crise que os outros (os de primeira) arranjaram! Tratou de como Pilatos lavar as maozinhas do pecado, atirando o ónus da prova para o TC (Tribunal Constitucional) e motivos à oposição (leia-se PS) mais que suficientes para também eles se libertarem da responsabilidade do memorando. O que me pareceu mesmo é que o próximo aluno a inscrever-se na Sorbonne se chama Pedro Passos Coelho. Está tão farto o senhor disto tudo como eu estou desta cambada de políticos que proliferam nesta Europa decadente, pobre e envelhecida.
Tudo isto foi anunciado num escaldante dia de verão, em que nada havia de interessante para discutir e momentos antes de se iniciar um jogo da Selecção de Futebol! Por aqui se vê a oportunidade do momento político e o interesse que a classe ( da política) tem pela talvez única actividade nacional reconhecida além fronteiras e onde os bens transaccionáveis são altamente lucrativos! 

Mais uma vez o Zeca Afonso, serve para ilustrar o que eu sinto!





sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Inesquecível

Inesquecível é o dia em que em mim reparaste!
Inesquecível a hora em que o meu nome guardaste!
Inesquecível porque não foi planeado, nem pensado mas foi surgindo silenciosamente no silencio dos dias compridos e sofridos da vida amarga e crua que nos habita;
Inesquecível é este céu imenso que brilha em mim e me deixa os sentidos anestesiados!
Inesquecível é o teu poema quando fala de amor e de desejo e me esmaga de tão intenso e puro!
Inesquecível é o teu riso que desce rio abaixo até desaguar no meu coração!
Inesquecível és tu!



sábado, 1 de setembro de 2012

Puro néctar

O sol a pino arde nas lages graniticas da eira, a calmaria invade a natureza, o passaredo acalmou o canto matinal e os gatos adormecem na sombra da velha nogueira. Apenas esvoaçam aqui e ali uma borboleta multicolor, uma libelinha ou uma abelha que vão colorindo o azul pastel do céu. Só o meu coração se mantém alerta, ávido da serenidade que por aqui encontra e que chega em carícias doces de um riso suave. O cheiro adocicado das maçãs e dos figos entorpece os sentidos, deixando-me entre o melancólico e o exaltante, que nem a hora da sesta afasta.  Sinal que esta brisa ligeira e quente que me acaricia o rosto, também ela derrama o seu calor por essas pautas musicais que se estendem até lá abaixo a beijar o rio, amadurecendo o fruto que no seu ventre guardam, tal mãe zelosa que o protege.
As palavras que dizemos são sentidas, mas não dizem o que se sente, protegem-nos elas também do que não podemos sentir. Agora o tempo é de festa, de férias, de relaxamento e de calmaria. Mas os dias de estio passarão e a azáfama das vinhas e dos lagares e do trabalho e dos afazeres vão ocupar as mentes e os corações despertos. Será que esta brisa doce e suave que toca esses corações vai ela também resistir ao cair da folha do outono, aos horários rigorosos e a todas as contrariedades que a vida nos atira sem apelo nem agravo? Apenas o futuro dirá a qualidade da colheita mas, sabendo de antemão que as uvas são de boa casta, certamente o resultado será aveludado, sabor intenso e para guardar por muito tempo.



Foto: Mafaldinha