domingo, 26 de junho de 2016

Santos populares

É noite de Santo António,
De arcos e de balões
De sardinha cor de prata
Das marchas  e dos foliões

Na noite de Santo António,
Meninas vamos marchar
Leva o manjerico na mão
Para um noivo encontrar

No S. João há cascatas
Alho porro, manjerico
Saltas as fogueiras na Lapa
Nas Fontainhas bailarico

O S. Pedro é na Afurada
Com fogo a cair para o rio
Vou comprar um manjerico
Pois em casa é que não fico.
 
@maçadejunho
 
Escritiva nº9 - Santos populares com obrigatoriedade de usar as palavras: bailarico, fogueira, sardinhas, manjerico, marchas balões;
 
 
 
 
 

terça-feira, 21 de junho de 2016

PRESIDENTE DA REPÚBLICA VAI INAUGURAR O ESPAÇO MIGUEL TORGA NO PRÓXIMO

DIA 4 DE JULHO

Sua Excelência, o Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, vai inaugurar oficialmente, pelas 15H00 no próximo dia 4 de Julho, o Espaço Miguel Torga em S. Martinho de Anta.

A presença do senhor Presidente da República no “Reino Maravilhoso”, vai sublimar o papel de multiculturalidade, arte e serviço educativo que este equipamento está agora em condições de desempenhar, no território e no país.


 

sábado, 11 de junho de 2016

uma lista


Abriu o email e leu:
«manda-me as listas até às 20»
Era impossível. Tudo atrasado. E agora as listas. Ignorar. Isso não! Seria desleal. Mas estava muito apertado. Antes precisava confirmar se todos os doentes internados tomavam morfina e em que dose. Foi ver a lista. Fazer listas depende de consultar outras listas. Em breve os doentes deixariam de ser pessoas, passariam a listas, de espera, de alta, de visitas. A vida resume-se a isto uma lista!

escritiva 7 - fazer listas
publicado no blogue historiasem77palavras.blogspot.com

 

sexta-feira, 10 de junho de 2016


Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura.

Sophia de Mello Breyner Andresen


https://youtu.be/dGImpKniRAE

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Distância

Entro no teu quarto como se...
entrasse no mar. Um temporal de perguntas
enrola os teus cabelos. Lanças-te
contra as ondas de um sonho antigo,
e abres a porta da varanda
para te sentares à cadeira
do oriente, apanhando o vento
da tarde. "Não te levantes, digo,
e deixe que os teus olhos se libertem
de sombra, depois de uma noite
de amor, para me abrigarem
da luz estéril da madrugada". Mudas
de posição, como se me tivesses
ouvido; e o teu corpo enche-se
de palavras, como se fosses
a taça da estrofe.


Nuno Júdice

 

O meu amor não cabe num poema ― há coisas assim,
que não s...e rendem à geometria deste mundo;
são como corpos desencontrados da sua arquitectura
os quartos que os gestos não preenchem.
O meu amor é maior que as palavras; e daí inútil
a agitação dos dedos na intimidade do texto ―
a página não ilustra o zelo do farol que agasalha as baías
nem a candura a mão que protege a chama que estremece.
O meu amor não se deixa dizer ― é um formigueiro
que acode aos lábios com a urgência de um beijo
ou a matéria efervescente os segredos; a combustão
laboriosa que evoca, à flor da pele, vestígios
de uma explosão exemplar: a cratera que um corpo,
ao levantar-se, deixa para sempre na vizinhança de outro corpo.
O meu amor anda por dentro do silêncio a formular loucuras
com a nudez do teu nome ― é um fantasma que estrebucha
no dédalo das veias e sangra quando o encerram em metáforas.
Um verso que o vestisse definharia sob a roupa
como o esqueleto de uma palavra morta. nenhum poema
podia ser o chão a sua casa.

MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA - O canto do vento nos ciprestes


 

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Um fruto

És como um fruto, que se apanha pela manhã,
quando a brisa refresca e o sol se vai insurgindo
por entre as ramagens. Um fruto ora doce, ora amargo,
ora maduro, ora verde. Que dá vontade de trincar num dia
quente de verão. De descaroçar e comer suavemente, de lamber
a pele ou chupar o suco sumarento que escorre
da polpa volumosa e madura. És um fruto que dá
vontade de saborear lentamente, em pequenas porções.
Como ouvir-te falar. Também é saborear da tua sensibilidade
da tua sageza, do ar que os teus pulmões transportam.
Em ti tudo é um fruto que sacia a fome, de rir, de aprender,
de crescer, de amar. A retidão do espírito envolta na polpa madura
que apenas uma boca fecunda prova. Nos dias em que a romã se desprende
da árvore que  a segura, ou a framboesa humedece as mãos
que a seguram,  ou os lábios que provam da uva que se desfaz em néctar.
Provar-te, é conhecer dos figos mais doces, das amoras mais frágeis,
das tâmaras mais suaves ou da amêndoa  de fruto carnoso. É receber a
luminosidade da manhã, e o encanto do entardecer entre a brisa do mar
e a suave aragem de uma serra. É segurar o fruto nas mãos e deixar
o olhar contemplar o prazer que antevê no deleite da degustação.
@maçadejunho



 
 


 

terça-feira, 7 de junho de 2016

Deixa-me dizer-te do cheiro da terra
dos vasos que hoje mudei e das orquídeas
 que hão de florir no inverno. Serão para ti,
testemunhas do amor que ficou preso nas raízes.
Em cada haste haverá um pouco da nossa história,
até daquela que não fala de amor.
E hoje quando abrires o livro para ler
 "que a manhã afasta as incertezas"
onde o silêncio caiu nada morre de abandono
nem eu. Nem ninguém adivinhará quantas primaveras
já vivemos, antes de morrer por ti de amor.
A vida nasce a cada amanhecer entre lençóis de linho
e alfazema de cor suave, nos aromas dos amores imperfeitos.
Mas à noite, é sempre à noite, quando
me vestir para ti e adormecer no sono inacabado
ficarei fria e esquecerei de ir apanhar as orquídeas para levar.
Vai ver os vasos e não os regues mais. Se morrerem podem
dizer ter sido à míngua desse amor que os amantes levaram.

@maçadejunho
 
 
https://youtu.be/lGlEj5z6_ks
 






segunda-feira, 6 de junho de 2016

A manhã nascia tranquila
E eu sonolenta
à procura de encontrar esperança
onde sei me espera decepção
Peguei no bule e enchi com água...
Coloquei afeto e tranquilidade na fervura
e descansei.
Quando destapei,
saíram flores, suaves e perfumadas.

E lá vou eu colorir o meu dia!
@maçadejunho

https://youtu.be/NHvabdxp4BI




domingo, 5 de junho de 2016

O pastel de feijão

A fila na pastelaria não parava de crescer. Responsável por tanta correria e tanta clientela era uma réplica da descoberta feita pelo pasteleiro chefe. Assistiu a uma palestra e de imediato se lembrou de publicar o seu livro de receitas. Na vitrine, um exemplar de capas elegantes e letras em dourado, resplandecia sob a luz de uma lamparina. Pregado no avental com uma presilha, podia ver-se a proclamação da arte que o fez famoso: pastel de feijão.

Desafio nº 107 - com as letras PLR encontrar 10 palavras diferentes e com elas construir um texto em 77 palavras
o meu ficou assim e está publicado no blogue: historiasem77palavras.blogspot.com





 


A minha rosa desprotegida

 

sábado, 4 de junho de 2016

JORGE PALMA

4 de junho de 1950, nascia em Lisboa, Jorge Manuel de Abreu Palma. Muitos não saberão quem é, mas todos nós, já algum dia o ouvimos. Por vezes parece que canta apenas para mim, como nesta música, uma das minhas preferidas e que me inspirou no nome do blogue:

https://youtu.be/Ssel_pswxvc

sexta-feira, 3 de junho de 2016

«Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem a sua metade de frio.

Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.

O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.»

Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"

 

quarta-feira, 1 de junho de 2016

PARQUE INFANTIL

Joga a bola, menino!
Dá pontapés certeiros
Na empanturrada imagem...
Deste mundo.
Traça no firmamento
Órbitas arbitrárias
Onde os astros fingidos
Percam a majestade.
Brinca, na eterna idade
Que eu já tive
E perdi,
Quando, por imprudência,
Saltei o risco branco da inocência
E cresci.


MIGUEL TORGA in, Diário VII, 1956, Coimbra


 
Por muito que pense e pense
No que nunca me disseste,
Teu silêncio não convence.
Faltaste quando vieste.
...
Fernando Pessoa in Quadras e Canções de Beber