quarta-feira, 8 de junho de 2016

Um fruto

És como um fruto, que se apanha pela manhã,
quando a brisa refresca e o sol se vai insurgindo
por entre as ramagens. Um fruto ora doce, ora amargo,
ora maduro, ora verde. Que dá vontade de trincar num dia
quente de verão. De descaroçar e comer suavemente, de lamber
a pele ou chupar o suco sumarento que escorre
da polpa volumosa e madura. És um fruto que dá
vontade de saborear lentamente, em pequenas porções.
Como ouvir-te falar. Também é saborear da tua sensibilidade
da tua sageza, do ar que os teus pulmões transportam.
Em ti tudo é um fruto que sacia a fome, de rir, de aprender,
de crescer, de amar. A retidão do espírito envolta na polpa madura
que apenas uma boca fecunda prova. Nos dias em que a romã se desprende
da árvore que  a segura, ou a framboesa humedece as mãos
que a seguram,  ou os lábios que provam da uva que se desfaz em néctar.
Provar-te, é conhecer dos figos mais doces, das amoras mais frágeis,
das tâmaras mais suaves ou da amêndoa  de fruto carnoso. É receber a
luminosidade da manhã, e o encanto do entardecer entre a brisa do mar
e a suave aragem de uma serra. É segurar o fruto nas mãos e deixar
o olhar contemplar o prazer que antevê no deleite da degustação.
@maçadejunho



 
 


 

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