sábado, 18 de janeiro de 2014

Pobres meninos e pobres daqueles que empobrecem o país

... Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca., in (poema) Liberdade, de Fernando Pessoa

Começo pela poesia, pelo conceito do belo, do ritmo, da beleza estilística, porque venho escrever sobre um tema que me aborrece, pelo qual não tenho interesse, nem considero interessante, nem belo, mas andrajoso e conspurcado.
Ainda mais porque não é oportuno:
1- Não, porque é metido às pressas na agenda da AR (A casa da democracia, casa essa onde deveria prevalecer a inteligência e a lucidez);
2- Não, porque apenas aproveitará a meia dúzia de casos, e a menos de meia dúzia de crianças;
3- Não, porque vai custar dinheiro, muito dinheiro, vai permitir esbanjar dinheiro, que sai apenas e só da parte do salário que me confiscam mensalmente, sem o mínimo pudor;
4- Não, porque é apenas e só a tentativa de retirar importância e desviar a atenção do Orçamento de Estado que começa a ser aplicado e porque retira visibilidade ao retificativo que vem a caminho (não perdem por esperar, mas ganham mais cortes, com toda a certeza).
Para mim adopção significa afeto, eu não sei latim, nem grego (já sou da cartilha moderna e como andei sempre pela matemática, tenho alguma dificuldade em perceber a etimologia das palavras), mas adopção talvez derive da palavra adoçar (ajudem-me amigos da latinidade) e se assim for, à sua expressão está ligada ao conceito de adoçar a vida de quem vive na amargura. E a capacidade de abraçar com ternura, de acolher sem preconceitos, de dar educação e criação, não estão no sexo, na orientação sexual, religiosa, política de cada um, mas sim no carácter, no bom senso, no equilíbrio psicológico, na estrutura social e familiar de quem se proponha a adotar. 

Porque será que as instituições continuam repletas de crianças que esperam pelo abraço de uma mãe para adormecer, que não sabem o que é chamar pai a alguém, que nunca tiveram primos com quem brincar?

Tal como Luther King, eu tenho um sonho, um mundo ideal onde todas as crianças são amadas, estimadas e cuidadas pelos seus progenitores.No meu mundo ideal não haveria crianças órfãs porque os pais estariam proibidos de morrer, mas ainda assim haveria tios, primos e amigos para cuidar dos filhos que sobrevivem, como se fossem seus filhos.

O meu mundo ideal não existe!

Nunca existirá, enquanto um bando de delinquentes bem pagos e com ar sabujo ( são pessoas que andam à procura de alguém a quem tramar a vida) se entretêm a decidir a vida das crianças que são nossas, da sociedade.
Termino, lembrando da alegoria da caverna, na Republica de Platão (livro VII) "... presos a uma caverna, de costas para a sua abertura. Nessa condição, só podemos perceber o movimento das sombras do que está acontecendo lá fora". 

@Maça de junho
Foto:internet

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