domingo, 26 de janeiro de 2014

Limon curd

Há dias em que mesmo estando tudo bem, em que tudo pode parecer perfeito à nossa volta, e até existe harmonia e bem estar, não nos sentimos bem dentro da nossa pele. E aparentemente só motivos para se sentir bem. Mas, falta qualquer coisa. Este coração rebelde que teima em fazer apenas aquilo que quer e que nem sempre é o melhor para a carapaça que o acompanha. 
E hoje é assim, um dia de Inverno, que cheira a nostalgia é até um pouco triste. Como faz falta agora aquele abraço apertado, demorado, intenso como se fosse o último ou o primeiro de muitos que hão-de vir. Mas não estava aqui e bateu a saudade. 
Fugir nem sempre resolve, mas a cozinha é um refúgio retemperador. Não é solução, mas é uma resposta. E assim foi.  Sem telefone, nem música, apenas o pensamento e eu e a voz que subia do coração. Precisava dar uma solução aos limões que vieram já bastante maduros e lembrei-me fazer um limon curd para os aproveitar. E sem telefone, perdi um abraço virtual mas com a mesma vontade da presença que demora. Tudo tem o seu tempo.
 Agora a receita:


Ingredientes:
6 limões, sumo e raspa
600 gr açucar
150 gr manteiga
6 ovos inteiros

Preparação
1. Num tacho, coloque o açúcar, a raspa de limão, a manteiga e o sumo de limão.
Leve ao lume e deixe derreter e quando começar a ferver, deixe ferver durante cerca de 5 minutos. Retire do lume e reserve.

2. Numa tigela bata bem os ovos com uma vara de arames
Aos poucos e enquanto bate, vá juntando a calda, em fio, sem parar de bater.

3. Coloque novamente no tacho.
Deixe cozinhar em lume brando até engrossar, mexendo sempre.
Apague o lume antes de começar a ferver.
Deixe arrefecer um pouco.

4. Guarde em frascos. Vire-os durante 30 minutos para que ganhem vácuo.
Depois de frio, guarde os frascos no frigorífico.

Fica um doce muito cremoso e ligeiramente ácido derivado do limão. É uma boa opção para servir de cobertura ou recheio para bolos, tortas e tartes crepes.
Também pode usar como base para outras sobremesas ou simplesmente para barrar tostas e/ou scones ou acompanhar gelados. 

Sem marcar hora, nem lugar. E nessa infinita e imensa possibilidade de nunca nos cruzarmos em lugar algum, o nosso tempo e lugar um dia coincidiu, na possibilidade finita que o tempo nos dá. E foi assim que deixamos que as nossas almas se abraçassem. Depois quisemos terminar o abraço e ficou a saudade. Tudo tem o seu tempo e o nosso ainda não terminou. 


Porque 
não vens agora, que te quero 
E adias esta urgência? 
Prometes-me o futuro e eu desespero 
O futuro é o disfarce da impotência. 
Hoje, aqui, já, neste momento,
Ou nunca mais.
A sombra do alento é o desalento
O desejo o limite dos mortais. in Miguel Torga, Diário VI



Depois de tudo o que acima transmite fiquei a ouvir, sei que gostarias de ouvir com a cabeça encostada no meu peito, em silêncio, apenas deixando falar os corações.

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