Muitas vezes é para ti que escrevo. Mesmo sabendo que não vens ler o que te digo. Muitas vezes nem escrevo, penso apenas. Mas depois quando conversamos, seja por uns minutos ou por várias horas, abordamos os mais variados assuntos que nos prendem, que nos trazem sob pressão, que temos sob a nossa responsabilidade e raramente falamos de nós. Do que pensamos sobre nós. Porque sobre nós já sabemos praticamente tudo. Há uma frase tua, quando do teu internamento, que me mandaste para me sossegar e essa frase diz tudo: "Eu sei bem o que sentes e o que pensas". E sabes. Eu também sei o que pensas, e o que sentes, mas mesmo assim preciso conversar contigo muitas vezes no meu silêncio interior. Perguntar-te sobre a escolha que fiz de roupa, sobre um filme, sobre uma música, sobre o trabalho, sobre as preocupações, sobre os meus devaneios, sobre as incertezas e dúvidas. Sobre as opções e não opções. Assim como agora, queria perguntar-te sobre as férias. Mas não o vou fazer. O que decidir, sei que tem o teu apoio incondicional. A tua racionalidade não colide com o teu prazer de me sentir bem, de fazer coisas interessantes, de ser eu e a minha cabeça a decidir e a por no caminho a minha vida. Por isso gosto tanto de te sentir próximo, de poder reiterar em palavras aquilo que os teus sentidos libertam. Como é bom ouvir a tua voz, seja ao adormecer ou ao acordar e saber de antemão como correu o dia, ou como vai correr, se ela vem com ansiedade ou com cansaço, com exasperação ou com meiguice, e poder deleitar-me nela, mais uma vez. Mas agora não quero o teu olhar preocupado. Vou ouvir o Caetano.
@Maça de junho
https://youtu.be/wAmtLN4PlLU
@Maça de junho
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