Gosto especialmente do outono. Gosto de manhãs orvalhadas com o sol a nascer ainda refletindo todo o calor do verão. Gosto da rotina do regresso, às aulas ao trabalho ao dia a dia planeado num ritual de horários e sequencias diárias. Da organização que o regresso ao trabalho impõe. Horários para cumprir, a escola, preparação de lanches e de mochilas, sem tempo para muita introspecção.
Gosto dos entardeceres lânguidos e que se prolongam para lá do sol posto num convite a preguiçosa conversa sobre o mundo e a vida. E de observar as aves migratórias que se reunem em bandos e ao fim da tarde atravessam as margens do rio encetando a sua longa e longinqua travessia para outros climas em busca de novos ares quem sabe com aroma a jasmim.
Gosto dos trabalhos agrícolas, apanhar fruta, recolher as abóboras e o feijão, desfolhar o milho, vindimar e acompanhar a azáfama nos lagares, sentir o cheiro do mosto na fermentação. Gosto de lembrar o cheiro nas cozinhas onde abundavam frascos e tigelas na confecção de compotas e de marmelada reluzente e dourada. Merendar pão de centeio com nozes e comer as primeiras castanhas com a camisa ainda colada. Gosto de sentir saudade destes gostos.
E gosto do outono porque é um recomeçar de novo, é o renovar de esperanças é dar uma nova oportunidade à vida e agarrar a poesia da vida.
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