A conversa foi breve e versava sobre impostos, a sobretaxa extraordinária e o fim dela - taxa e as novas declarações de IRS e o fim delas. Sobre as decisões políticas de revogar leis e de não revogar outras. Foi curta, mas como sempre profícua. Saldanha Sanches num artigo do Expresso, depois de António Costa ser eleito para a Câmara de Lisboa, escrevia: "(...) havia a esperança de que ele conseguisse mudar a Câmara. Agora o que voga por aí é o receio de que a Câmara consiga mudar António Costa." E de repente lembrei-me de Penélope, filha de Icárius e esposa de Ulisses, aquela a quem o marido desaparecera por mais de vinte anos, na guerra de Tróia. Enquanto esperava, tentava arranjar artifícios capazes de convencer o pai a não a obrigar a casar com os pretendentes que iam surgindo. Uma das estratégias foi tecer um sudário para o sogro e durante o dia, aos olhos de todos, tecia, e de noite, às escondidas desfazia o que fora feito, para ir adiando as condições que o pai propunha. O marido por lá andava na guerra de Troia, cuja origem foi a bela Helena e o rapto de que foi alvo por parte de Páris, o príncipe troiano. Além destes, a bela Helena terá ainda casado com Teseu e Aquiles. O quinto marido terá sido Deífobo, com quem casou depois da morte de Páris. Homero foi sempre uma leitura difícil e proibida durante largos períodos da história, embora de grande relevo no Renascimento, quer pelo facto de haver dúvidas se os acontecimentos são históricos ou apenas mitológicos, ainda que revestidos de grande e engalanado sentido poético. Esperemos pois que a "reforma" legislativa em curso não siga as pisadas de Penélope e desfaça tudo o que foi feito. o melhor é nem tentar decifrar o mito. ag
@Maçadejunho
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