Não sei ao que vim, o que faço por cá, nem sei se estar é não estar. O nome não me diz nada, não vale nada, ninguém se lembra dele. Não tenho riquezas, mas a riqueza maior é a coragem de sonhar. Sonho que mudarei o mundo e nada acontece. Sou uma espécie de vagabundo e sonhador que leu os clássicos e no romantismo vai perdendo a coragem. Sou um D. Sancho entre moinhos de vento e erros de inteligência emocional. A guerra nunca será ganha por tão fraco guerreiro. Não sei delinear estratégias, nem tecer malhas de interesse. Não me apetece lutar, nem mentir, para vencer. Resta deixar fenecer, cantando coisas de amor e perder. Viver é cair no chão e saber levantar a cabeça depois de pisada e amarfanhada. E os andrajos do corpo serem remendados. «As mulheres caladas são perigosas. Comem as palavras para as transformar em veneno». Ainda não aprendi, e agora já não haverá tempo, o corpo já envenenado, sentindo-se tão viva quanto morta.
Noite, velada Noite, faz-me teu poeta! Deixa-me entoar as canções de todos aqueles que, pelos séculos dos séculos, se sentaram em silêncio À tua sombra! Deixa-me subir ao teu carro sem rodas que corre silencioso de mundo a mundo, tu que és rainha do palácio do tempo, escura e formosa!
Quantos entendimentos ansiosos penetraram mudos no teu pátio, vaguearam sem lâmpada pela tua casa, À tua procura! Quantos corações, que a mão do Desconhecido atravessou com a flecha da alegria, romperam em cânticos que sacudiam a tua sombra até aos alicerces!
Faz-me, ó Noite, o poeta destas almas despertas que contemplam maravilhadas, À luz das estrelas, o tesouro que encontraram de repente; o poeta do teu insondável silêncio, ó Noite!
Rabindranath Tagore (Prémio Nobel da Literatura em 1913). "O Coração da Primavera"
Awards: Prize Seeds of Science Special 2012 na Gala da Ciência 1st prize category Nature and Wildlife at Arrábida Film Festival 1st prize category Lusófonia-Panorama Regional at Cine'Eco 3st prize category Documentary at Festival de Curtas Metragens de Faro
Daniel Pinheiro, natural de Coimbra e apaixonado por Biologia, viu a vida selvagem ao longo do rio Mondego, filmado na Primavera de 2010, é um trabalho de ecologia, brilhante, onde a beleza do caminho transparece e revela o desconhecido e as riquezas do Mondego.
Volto a encontrar o teu olhar alegre
por onde passou o silêncio.
As nuvens que o ensombravam foram afastadas
pelas palavras em forma de poema e de amor
A manhã nasceu com mais luz no horizonte
pelo brilho dos segredos e do encanto
E as rosas abriram em corola para nos sorrir
e para nas cores coloridas do jardim
esconder a sombra da ausência dos dias
Junto ao rio vou falar com a água
das nossas cartas e do nosso silêncio...
@Maça de junho
Osório Projecto sempre mediou entre o sonho e a tacanhez. O sonho, esse nunca passou de um momento coincidente com o nome, Projecto, um mistério por desvendar no Beco do Mortiço, onde vivia. A tacanhez aliada às maravilhosas,mesquinhas e safadezas sempre que o tema, saias, surgia a terreiro. Amante de surf e de mulheres, gabarolas como só ele sabia, nem ao mendigar o perdão da moça, se conteve. Mergulhou no mar e desapareceu, reza a lenda.
A noite era cálida e era verão
naqueles dias que mais gostamos de ficar lá fora
na brisa da noite a arrefecer os corpos nus
e a recordar as ternuras dos anos que já passaram
noites e dias e dias e noites, tantas enfim
algumas são apenas nossas, outras não são de ninguém.
Mas essa noite que era apenas nossa, não era noite
Era o infinito da nossa pele, lá onde os sentidos se tocam
Depois da caminhada nas alturas, da prova finita pelos trilhos da vida
Quebradas as correntes do corpo e desnudada a alma
entregávamos ao outro a liberdade do pensamento, a certeza e a dúvida
Nos momentos em que apenas a beleza existiu perante nós
E ficou connosco como o sol do verão cálido, lá fora na varanda
No endereço que leva até ao outro, sempre até ao outro
até ao mais fundo de nós. Segurando na mão passa o calor do corpo
E a noite recebe numa brisa o corpo desnudado e quente dos amantes
ternos, sôfregos, na magia do encontro, da renovação dos gestos
Dividimos entre nós os planetas e neles guardamos os sonhos
E o verão passa e fica a magia do encontro e do reencontro
Um dia quando a vida passar, ficará a memória do verão que era cálido.
Há pessoas que fazem história e passam por ela sem princípios nem critérios de justiça. Sou grande admiradora de Miguel Sousa Tavares com escritor, além disso, nada mais mostra que se permita admirar. Isto pela sua brilhante intervenção:"Miguel Sousa Tavares salientou, no seu comentário semanal à antena da SIC, que a história construída em torno do ex-presidente do BES “tem duas versões” e que “até agora só vimos uma”.
Não sei qual será a melhor versão, mas sei com cidadã e como contribuinte e pagadora de impostos, qual a versão que mais me agradaria, e essa não existe. Melhor, foi a que existiu quando as avaliações de risco, davam a banca portuguesa como equilibrada, quando as noticias dos jornais económicos afirmavam que o risco da banca estava ultrapassado, pelos aumentos de capital, e pelos empréstimos que tomavam do Estado, aumentando a dívida pública, que depois o funcionário público é chamado a pagar.E o BES, esse continuava a entrar pelas casas dentro, pela publicidade talvez excessiva, mas lucrativa e apetecível para as televisões. A inércia do banco contra a avidez publicitária, a bonomia de um banqueiro que tomava banhos de sol na piscina transbordante de brilho metálico, qual tio patinhas do século XXI.
Atacam-se os fracos e não se enfrentam os fortes, É mais fácil. A hipocrisia social, económica e política é deste mundo que gosta e é nele que vive como se fosse o paraíso encontrado. Por isso a história como todas tem duas faces, mas aquela que se desconhece será mais negra ainda. Cada um na sua vez vai usufruindo deste mundo de mordomias, compadrios, favores, amigalhaços, nunca se descobrindo, mas sempre se encobrindo uns aos outros. “Don’t ask, don’t tell".
E como estão todos de mão dada e quando beneficiam vão dividindo entre todos (os amigos, claro!), agora há o risco sistémico entre a "boa sociedade" nacional, além do banco ser sistémico pelo facto de toda a banca, transversalmente ter adquirido ou financiado ou as duas coisas, o grupo BES. Ou seja temos os ingredientes todos para que nos seja servido de bandeja a fita "dejá vu" do Lehman Brothers, mas com um final diferente, salvo pelo gongo dos impostos e da "mão invisível" do estado. O pior é que os impostos são sempre os mesmos a pagar, e a teoria de Adam Smith, preconizava o estado apenas como garante da ordem e da justiça e o bem comum nascer dos interesses individuais de cada um. Não será fácil para quem mais uma vez terá que financiar um OE que por sua vez vai ser o garante das diatribes e das inércia de alguns, poucos. Abençoados os funcionários públicos e os pensionistas, que mais uma vez aguentarão a fatura sob o jugo e o julgamento com que continuarão a ser beneficiados, ou não fossem uma cambada de malandros, beneficiados. oportunistas, desqualificados (alguém sabe mais epítetos para lhes aplicar?!).