Esta coisa de democracia, por vezes não tem mesmo piada nenhuma. Também tudo seria bem mais fácil se não houvesse Constituição. O próximo governo poderia estender esta coisa do "simplex" (não sei quem o inventou, mas dois dos seus maiores seguidores aos nossos tristes dias terão sido Sócrates e Núncio - atentem na nobreza dos nomes), até à Constituição da República Portuguesa. A quantidade de acórdãos que se poupavam à Villa Ratton e as chatices de escrever discursos após discursos para convencer o povo das virtudes das leis, seria um grande passo para a humanidade, já nem digo, mas para o Portugal dos pequenitos, sem dúvida!
Uma coisa me intriga e parece ser apenas a mim, pois não vi/ouvi nenhuma celebridade política, nem nenhum jornalista altamente influente e influenciado dizê-lo:
Porque terá sido que uma coligação que durante quatro anos, implementou um programa duro, rigoroso (para pensionistas e funcionários públicos), aumentou impostos, sem olhar a conceitos de redistribuição e/ou equidade, destruiu tecido empresarial (fechou portas de unidades menos preparadas e atirou para o desemprego milhares, criando um fluxo não imaginado, de emigrantes dentro das classes mais jovens e com maiores habilitações académicas), e vai a votos e ganha as eleições?
Dentro do partido socialista já alguém terá refletido nisto?
Talvez não, porque isto é assunto que não interessa ao Jerónimo nem à Catarina. e o importante agora é ver como sentar tudo à mesa. Pensando bem é quase como juntar num casamento os ex-concorrentes do big brother.
Aquilo que se pretende do novo governo é fazer melhor (mais PIB, mais exportações, mais emprego, mais crescimento sustentável, maiores fluxos financeiros que garantam as responsabilidades sem agravamento da carga fiscal, melhor reenquadramento macroeconómico e das finanças públicas) que o anterior, sem o agravamento nas condições de trabalho e do tecido empresarial, sem extorsão de reformas, nem esquecimento do apoio social. Ora bem, e a coligação das Esquerdas Unidas têm capacidade para tal?
Que realidade têm para nos mostrar um partido que já é também ele uma coligação e que em quarenta anos de democracia nunca se aproximou um milímetro que seja das posições assumidas por uma economia de mercado, pela integração de projetos competitivos e autónomos de iniciativa privada, de aceitação dos projetos europeus e mundiais de tratados de paz e de união; será agora o momento da sua viragem "radical"?!
Os filósofos criam teorias políticas cujos objectivos se materializam através da ação política, na construção de programas políticos de criação de riqueza e da sua redistribuição e do bem estar social.
Esta premissa cabe apenas aos políticos e não me parece que neste momento algum político em Portugal esteja a pensar nela, mas apenas na sua tática de jogo. Além de que estão todos a utilizar a célebre condição da economia "ceteris paribus". E todos nós sabemos que esta condição é falsa: os mercados ainda não nos largaram, o efeito arrastamento das condições externas, é real, o risco sistémico financeiro ainda nºao terminou, pelo que o trabalho deveria ser consequente e consolidado.
A única forma de se sair desta parafernália litigante/militante seria o bom senso entre os dois blocos centrais. Mas um bom líder é aquele que tem visão para o futuro e não para o seu umbigo.
@maçadejunho