quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Ir de férias

Quando entrar de férias tenho malas para fazer. É um suplicio. Nunca sei o que levar, nunca levo o que preciso. Hesito entre um vestido e uma saia e depois ao optar pela saia esqueço da blusa. Depois escolho umas calças, mas esqueço que essas vão bem com a sandália tal, que no último minuto é preterida por umas sabrinas super confortáveis. E para a noite? E se fizer frio? Um agasalho mais grosso, mas se estiver mais quente? então terei que escolher um mais leve! Depois tento meter o Rossio na Betesga e tenho que esmagar a tralha e quebrar as unhas para atingir tal feito. O necessaire é outro problema, protetor solar e o pós solar e o creme de queimaduras, e o creme de mãos e aquele creme que a D. Margarida lá na farmácia disse que fazia milagres?! E o shampoo e o creme hidratante e o creme para pentear? Isto de cabelo seco como feno no estio é o que dá! E o verniz para o caso de me dar uma vontade muito grande de me armar em coquete, levo o vermelho ou o castanho? mas este ano usa-se muito o coral....Enfim fazer uma mala não é mais que sofrimento, indecisão e concentração tudo sentimentos desesperados de uma linda rapariga envolta nuns caracóis despenteados à beira de um ataque de nervos. Mas não fica apenas por aqui. Quando chego ao destino esqueci a mola para apanhar esses tais caracóis despenteados e irritantes mas que têm tanta ou mais personalidade que a sua dona. Depois foi o acessório, o tal que ia bem com o vestido esvoaçante, que ficou esquecido. Tudo se resolve, nada fica por ser feito, nem as férias ficam estragadas. Afinal o vestido serve o mesmo para quinze dias, é só lavar à noite e vestir de manhã, a sandália chique de salto à medida e tal, é substituída por uns chinelos super confortáveis daqueles que além de não serem caros, todos os anos aparecem modelo novos. Este ano já tenho uns, branquinhos, vindos diretamente de terras de Vera Cruz. O pior é a mamy que ao fim de três dias, olha para mim com um ar muito preocupado e diz: - mas filha não tens mais nada que vestir? Gosto desse vestido, mas hoje podias vestir uma saia com uma blusinha fresquinha! - 
Uma saia para ir comer sardinhas com broa feita do milho dos lameiros de Roalde, para cima de uma grande fraga granítica? Apenas preciso levar a minha boa disposição, os meus mimos culinários para partilhar e encontrar uma alma divertida que saiba histórias das serranias ao redor, ou que tenha um baú cheio de encantos, daqueles que não vem nos livros, nem se aprendem na legislação publicada. 
Mas os livros, as canetas, a máquina fotográfica, o filho e os seus brinquedos, a necessidade de pastar os olhos nos socalcos do Douro e nos verdes coloridos dos campo, esses eu não esqueço.
Alguém tem ideia do que preciso para ser feliz?


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