Saída do trabalho. Cabeça num caco, cansaço desmedido, paciência esgotada, tempo de chuva, frio, nevoeiro perdido entre as brumas do rio de águas castanhas em remoinhos de inverno. Se o olhar não vir o coração nem sente, a ausência, o silêncio e a desilusão, um fardo pesado para dobrar as horas do dia que restam.
Esconder-me numa qualquer sala de cinema será perfeito. Mas já tudo se tinha organizado na minha cabeça. O Lincoln não poderia esperar melhores dias.
De regresso rejuvenesci, no filme onde o Daniel Day Lewis envelheceu para dar vida ao símbolo da libertação americana, aquele que percebeu e aproveitou a guerra civil para acabar com a escravatura, mesmo que para tal recorresse a práticas pouco ortodoxas e carecidas de legitimidade e democracia, mas tudo em prol da democracia que pretendia fazer vingar.
As duas horas e meia de filme foram poucas para contar os inúmeros momentos da repleta vida deste ocupante da casa branca.
Deste filme retiro dois ensinamentos importantes, além de toda a vivência que o argumento não consegue transpor para o ecran, mas que decorre das biografias e da história deste 16º ocupante da história moderna do EUA:
Tudo aquilo que fizermos por um ideal, por mais perfeito que o queiramos, será sempre de algum modo imperfeito e o dom paternal de que era possuidor este pai e presidente de um imenso país orfão e em busca de modos vivere, e no filme se revela pelo companheirismos e dedicação ao filho mais novo ainda criança.
O filme começa com o discurso de Gettysburg que ficou conhecido na história pela frase "governo do povo, pelo povo e para o povo" que continua a marcar a politica americana até aos presentes dias.
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