Gostos não se discutem, é uma afirmação vulgar, para justificar opções diferentes, para evidenciar critérios nas nossas escolhas, para ostracizar alguém, ou simplesmente para dizer alguma coisa, quando nada de muito interessante ocorre. E todos gostamos de ser olhados. Todos gostamos de ser apreciados. Todos gostamos de sentir o olhar do outro gostar. Até no facebook gostamos de contar os gostos nas nossas publicações. Muitos gostos pode ser sinónimo de agrado, mas pode significar o contrário. Mas a vida real traz outra adrenalina, outras reflexões, outros pontos de contacto. Gostamos de olhar para a imensidão do mar e descansar a vista nas longas planicíes, deixa-la prolongar para além dos vales e levantar-se para o cimo das montanhas. Gostamos de contemplar o céu e as estrelas, os cometas e o brilho azul escuro do universo ao entardecer. Deixamos-nos enternecer com as crianças a brincar.
O prazer que um simples olhar nos dá supera muitos outros que por vezes procuramos sem nem saber onde.
Quando olhamos para o outro, profunda e demoradamente, não precisamos dizer nada, para saber e sentir o quanto esse olhar nos está a fazer bem. E sentir o quanto se torna relaxante para o outro. Tenta fazê-lo e verás com teus próprios olhos. Não. Sentirás no teu corpo o quanto esse gesto te fará bem. Basta olhar e ser olhado, olho no olho, coração com coração. Esta é uma via directa para mergulhar em níveis profundos de intimidade e, por isso, poderá incomodar e amedrontar, num primeiro momento, ao fazer sair da zona de conforto que sempre queremos manter.
Olha um pouco, frente a frente, descontraída mas com atenção plena ao outro e ao momento. Se sentires necessidade de desviar o olhar, procura dentro de ti o que te incomodou, que memória aflorou, que sentimento despontou, respira profundamente e volta a tentar. Sê persistente. Capta a atenção do outro de forma a entrarem ambos no jogo, mas sem haver palavras proferidas. Não quebrem o silêncio, para que seja mais intenso e profundo o jogo.
Se te sentes mais à vontade, atenta à respiração do outro, continuando a olhar profundamente, e começa a respirar sincronicamente com a sua respiração, se te for confortável. É natural que o outro também se ajuste, inconscientemente, ao teu padrão de respiração. Permite-te mergulhar mais fundo no olhar dele e no teu corpo, para sentires a plenitude.
O nível de intimidade que esta prática traz é profundo, límpido, verdadeiro, proporcionando laços de amor ainda mais próximos, compreensão e empatia, bem-estar e preenchimento e até excitação e renovado desejo!
Vale a pena refletir sobre o olhar, vejam com os vossos olhos e depois comprovem verdadeiramente com o vosso olhar. O olhar é um sentido fabuloso. Experimenta fazê-lo. Vamos fazê-lo juntos.
@Maça de junho
@Maça de junho
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