quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Poesia

6 de Novembro de 1919 nascia Sophia:

«Comecei a escrever numa noite de Primavera, uma incrível noite de vento leste e Junho. Nela o fervor do universo transbordava e eu não podia reter, cercar, conter – nem podia desfazer-me em noite, fundir-me na noite. 
No gume da perfeição, no imenso halo de luz azul e transparente, no rouco da treva, na quási palavra de murmúrio da brisa entre as folhas, no íman da lua, no insondável perfume das rosas, havia algo de pungente, algo de alarme.
Como sempre a noite de vento leste misturava extase e pânico...»

Sophia e Torga são para mim Poetas maiores, os quais nunca poderei esquecer. Hoje venho mais uma vez lembrar que também entre eles houve afinidade poética, amizade de escritores, respeito de seres humanos. 

Sophia de Mello Breyner Andresen 
dirige-se a Torga:
«Senti sempre que a sua mãe tinha um grande lugar 
em sua vida. Conheci-a através de si, através dos seus versos e dos 
seus livros». O próprio nascimento da filha é igualmente saudado 
pela autora de Dual, no registo que é o absoluto e verdadeiro modo 
de viver a poesia, como sempre aconteceu nessa relação 
privilegiada entre os dois poetas. Sophia concretiza os parabéns
dentro dos versos oferecidos: «Mil e mil parabéns pelo nascimento
da Clara. Já sei que ela se parece com a Andrée e que se chama
Clara porque é clara.// Por isso, plagiando um pouco o Goethe,
mando-lhes estes versos:// Da minha mãe herdei a claridade e a
calma/ Do meu pai herdei a Terra negra, o vento azul e o mar
furioso» in Veredas - Santiago de Compostela (2009)


@Maça de junho


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