Era um hotel pequenino, ali para as proximidades da Basilica de Santa Maria Maior. Um estabelecimento familiar, modesto, explorado por uma família de italianos já com alguma idade. Simpáticos e prestáveis. Um local muito agradável para descansar depois de calcorrear vias e embebedar os olhos com tanta arte e tanto mármore de Carrara. Num fim de tarde que se anunciava chuvoso e pouco convidativo a outras aventuras fora de portas, encontrei uma publicação na língua nativa, displicentemente pousado num canto da receção. Pedi autorização para ler e fui folheando na tentativa de me concentrar na melódica língua e compreender o que lia. De repente toda eu se iluminou ao deparar-me com um poema do meu conterrâneo e mui querido Poeta esquecido nas folhas amareladas pelo tempo de um amante da poesia e deste luso pensador:
Vespertino
E, tuttavia, è bello...
l’imbrunire.
La luce calante cade dal cielo vuoto
sulla morbida chioma
delle fronde
e sopra ciascuna foglia si diffonde.
Immobile, il paesaggio
appare addormentato
agli occhi di chi guarda.
La brezza porta il tempo
verso nessun destino.
E il rumor cittadino
fluttua nelle orecchie
distratte
di quelli che per le vie stanno andando
senza fretta
e come se stessero sognando
senza sognare...
Miguel Torga, Diário XIV
Vespertino
E, tuttavia, è bello...
l’imbrunire.
La luce calante cade dal cielo vuoto
sulla morbida chioma
delle fronde
e sopra ciascuna foglia si diffonde.
Immobile, il paesaggio
appare addormentato
agli occhi di chi guarda.
La brezza porta il tempo
verso nessun destino.
E il rumor cittadino
fluttua nelle orecchie
distratte
di quelli che per le vie stanno andando
senza fretta
e come se stessero sognando
senza sognare...
Miguel Torga, Diário XIV