Ombro Amigo

«Tens de ter muita paciência. Primeiro, sentas-te longe de mim, assim, na relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas podes-te sentar cada dia um bocadinho mais perto ....»
«O que é um ritual? Também é uma coisa de que toda a gente se esqueceu - disse a raposa- É o que torna um dia diferente dos outros dias e uma hora diferente das outras horas.» 
O pricipezinho A. Saint -Exupéry

Fazer a felicidade dos amigos dá-nos alegria, deixa-nos mais leves, ajuda-nos a esquecer a face mais sombria da vida. Deveríamos fazer aquilo que gostamos. Seríamos pessoas mais afáveis, mais tolerantes com o próximo. Por isso as crianças são felizes com pouco, atuam por impulso, são sinceras e não dissimulam nem escondem. Crescemos e fazemos escolhas, as que nos fazem felizes e as que nos trazem aborrecimentos e desilusão e continuamos a crescer, e se não cultivarmos os afetos e deixarmos o coração definhar, perdemos também a capacidade de viver. A opção é nossa!
Gosto de olhos que sorriem e de vozes que cantam.
Gosto de palavras frágeis mas que dão alento, de palavras nuas que nos aconchegam e de amigos verdadeiros que nos dão vida.
O amigo certo é aquele que aparece em horas incertas. Descobre a nossa alma mesmo não a vendo. O amigo certo faz-nos rir quando choramos e chorar de tanto rir. Conhece os nossos silêncios e compreende os nossos gestos
O amigo certo faz de uma hora a diferença das outras horas. O amigo certo cativa-nos e passamos a ser únicos. Os amigos precisam um do outro, quanto mais se conhecem, mais amigos são.
As flores são efémeras mas os amigos são eternos, porque são únicos. Eu tenho amigos assim e tu?

Foto:Mafaldinha

Doce de ameixa vermelha

As ameixas abundam cá por casa. E nós adoramos ameixas! Principalmente ao natural, mas também juntamos com iogurte ou em salada de fruta.

Bolo desta vez não fizemos.
Agora iriam estragar-se, menos uma boca, mas uma boa boca a faltar era uma pena esta fruta desperdiçada!
Passei-as a doce!
Deixo a receita e uma foto alusiva, caso decidam aventurar-se nestas lides.

Ingredientes:
Ameixas maduras e igual quantidade de açucar (retiro 200 gr de açucar por cada kg de fruta preparada, isto é 1 kg ameixa/800gr açucar)
1 pau de canela
1 casca de limão
2 cravinhos da india
1 pitada de pimenta (igual a 3 grãos moídos)

Descascam-se as ameixas e retira-se os caroços e cortam-se em pedaços. Juntam-se os restantes ingredientes e leva-se ao lume até ferver. Depois de levantar fervura, diminui-se o calor e deixa-se cozinhar lentamente, mexendo de vez em quando.
A consistência para este doce é quando se põe num prato e se faz um risco com a colher e o doce não volta a juntar.
Há quem triture com a varinha mágica, mas eu gosto de encontrar os pedacinhos de fruta inteiros
Guardar em frascos esterilizados.
Uma delícia!

O mio babbino caro

-Durante quinze dias livras-te de raspanetes no teu trabalho por chegares sempre atrasada.
-Podes dormir na minha cama, eu deixo.
-Também podes ir trabalhar no fim de semana, assim não ficas sozinha
-Tens o cérebro mal disposto? Esqueces-te de tudo!
-O que é perfume barato? - Onde ouviste isso? - Foi no Fineas e Ferb
-Podemos ir ao happy meal? Tomas café e eu posso comer um gelado!
-Agora já não vivem lá, tiraram bilhete.
-O que é finanças?
-Os impostos são muito caros?
-Na china só comem arroz e cá há chineses portugueses
-No fim de semana podemos ir à china comprar cromos dos  pokémon sem ser repetidos?
-Porque é que não fumas? Não tens vontade?
-Este fim de semana dá-te jeito telefonar à mãe do João para ele vir cá? - Não, este fim de semana não pode ser. -Então manda-lhe um email pela internet e ela vem cá buscar-me!



Frases destas durante quinze dias, são lembranças, recordações. O meu pequeno sonho, vai a banhos!
Terei tempo para mim própria, para meditar sobre os meus desejos e anseios de mulher. Tempo para ir tomar café com aquela amiga que está com problemas, tempo para ir ver um filme, ao fim do dia, só porque me apetece.
Depois do trabalho desfrutarei de algum tempo sozinha comigo própria, sem horários nem obrigações impostas.
Mas quando o tempo estiver a decorrer vou morrer de saudade, acordarei sobressaltada de noite imaginando a sua voz que me chama, vou sair do trabalho a correr e quando me sentar dentro do carro tomar consciência de que ele não está no colégio.
À noite irei ao seu quarto, visitar aquele corpinho pequeno e apenas vou encontrar os brinquedos e verterei uma lágrima teimosa, tal como no ano passado e no outro e outro.

Depois regressa, mais crescido, mais despachado ainda! Com novo vocabulário, algum interessante, mas outro, mais brejeiro,  que lhe farei esquecer, em três tempos, pondo a funcionar o meu bom senso e um raciocínio engenhoso que ele diariamente me obriga a desenvolver!
Pois educar um filho é ensinar-lhe a importância que tem de aceitar e respeitar os limites pelos adultos estabelecidos.

Amigo

Os amigos
sentem
choram
sofrem
connosco
e por nós.
E nós?
por eles.
São amigos
porque o são.
Vivem
na varanda
do nosso coração.
Não posso
desiludir
apenas sorrir
e viver
e amar
e perdoar, muito.
Sem eles,
os amigos,
as flores vão murchar
as lágrimas
saltar
e o meu abraço
não vai encontrar
esse ombro
nem a tua voz,
nem o teu silencio,
nem o teu perdão.

Foto:Mafaldinha

No meu jardim

Eu quero encher a minha vida de cor!
Assim como os meus vasos e as flores que tenho aqui.

Os amores perfeitos são lilases, o hibisco é vermelho, carmim parece veludo e dá vontade de passar a mão para sentir a textura de tão suave!

As malvas são de um rosa bonito, e contrastam com o amarelecer da gardénia.

As hortênsias ainda não floriram, e os jarros já perderam a flor!

Mas a açucena que combina altivez com elegância abriu as suas corolas de par em par e exala um perfume que enebria. Lembras-te de me dizer que ela não sobrevivia? Engano nosso. Quando se tem um coração grande e facilitamos a existência do próximo, tudo é mais fácil.

Fui procurar na internet o significado de açucena e encontrei que são as flores que representam a tristeza e a angústia pela falta da pessoa amada.

E não é isso que tu sentes aí no teu presidio como lhe chamas? não é a falta dos teus amores que te faz chorar às escondidas?

O seu nome significa frescura, planta de grandes e belas flores, cuja origem deriva do latim. Perfeito!

Mas encontro mais, esta flor relacionada com o deus Apolo, famoso pelo seu orgulho. Mais certo, impossível! Olho a minha açucena perfumada e vistosa, alta e sedutora e és tu que me devolve o olhar e me fala com sorrisos!

O tempo não espera por ninguém, mas num segundo se evocam tantos anos. O passado é história e o dia de hoje é uma dádiva, por isso é o presente!

E gosto da cor do fim do dia quando se misturam dois dedos de conversa com o aroma do café acabado de fazer.

Combinamos cores e partilhamos sabores, o dia anoitece a alegria fica por aqui....!

Fotos: Mafaldinha

Pensamento

Hoje recebi um presente especial. 

Uma mensagem que era um desejo e uma vontade muito grande de que tudo o que pensamos acontecesse. 

Não vai acontecer, só porque o desejamos, mas porque a distância que nos separa não há meio de encurtar.

Queria comer suspiros e suspirar por ti.

Receber um ramo de amores perfeitos como perfeito é aquilo que sentimos

Mas tal como os amores perfeitos apenas vivem se as raízes se mantiverem ligadas ao caule

o nosso amor também ele vive porque está ligado pelos nossos corações

Lembras-te quando entregamos o nosso coração um ao outro?

Eu penso que foi num abraço muito longínquo, antes de uma aula de matemática

Depois o tempo apenas deixou a saudade

E agora o tempo revela a angustia que é saber-te longe

Tu nunca estás longe, pois eu tenho o teu coração comigo

Não fiques triste pela distância, olha bem dentro de ti e encontrarás o meu sorriso, nem que seja num vaso de amores perfeitos

foto:internet

Vestigio

Se o meu coração não tivesse memória,
quão feliz viveria sem esta paixão
sem sentir o vento, nem o calor do sol
apenas os dias eram hora a hora
um calendário triste ausente de emoção

Sabes o que é a névoa branca que cobre a manhã? 

É o manto que me cobre quando o silencio pesa, não por ser silencio, mas pelo peso dos dias que correm sem que os ventos das monções que assolam a costa Africana no Indico, me tragam novas do meu amado.
É um torpor que me invade a cada manhã que nasce sem que nem a tua voz, nem as tuas palavras me brindem com o carinho que eu sinto vem do teu olhar. Não é do teu olhar, este apenas transmite o que o teu coração sente.

É a tristeza que sinto por me sentir prisioneira de uma vida que não conseguimos viver.

Como é doce e amarga a saudade que me invade. 

As gardénias floriram, o hibisco abriu suas corolas ao sol para sentir o calor e eu adormeço nas lágrimas do tempo esperando que o futuro seja agora.

A névoa vai levantar quando o teu abraço me envolver e me aprisionar a ti. 

Salada de atum e queijo mozarella

Como os dias estão a aquecer e ontem e hoje esteve mesmo muito calor, quando chego a casa não me apetece mesmo cozinhar. Quando é assim e como tenho o cuidado de ter sempre sopa, as refeições da noite passam muitas vezes por adaptações simples de  vegetais, ovos, queijo, fruta e ervas aromáticas. Como hoje estava um dia de verão cheio de sol apeteceu-me improvisar uma saladinha para o jantar.  

1 cenoura raspada grosseiramente

1 lata das pequenas de milho

1 maçã cortada em pequenos cubos

3 folhas de alface (grandes) cortadas em juliana

1/2 cebola cortada em cubos

1 lata de atum em azeite

2 ovos cozidos

2 colheres de sopa de queijo mozarella 

umas folhas de manjericão 

molho: 1 colher de sopa de maionese, uma colher de sopa de iogurte natural, um fio de azeite e umas gotinhas de vinagre, mexe-se bem para incorporar os ingredientes

juntam-se os ingredientes e no final decora-se com o ovo e com as folhas de manjericão, verte-se o molho de forma a temperar toda a salada. 

Ausência

As vezes é nesta paisagem singular

que descubro a beleza do teu silêncio

sinto e sorrio quando olho as linhas do horizonte

invade-me a paz do momento

Sou aquilo que sou

As vezes é neste silencio perturbador 

que oiço o grito da tua alma

numa pedra que cai pela ravina

aquilo que sou 

num lugar onde não estou

As vezes é neste tempo que passa

que vejo passar as memórias que lês no meu pensamento

numa árvore que se agita ao vento

de um lugar para onde vou

e sou o que eu sou.

Não tenhas medo

Sente o cheiro da terra molhada,

Aquele cheiro que inebria e que retrata as memórias da infância

Pousa a tua mão sobre o meu peito

E recorda quando a tua mão segurava a minha

Na pressa de atravessar o jardim

Aquele jardim de tílias e ervilhas de cheiro

De magnólias e de campainhas azuis, onde as raízes da araucária se embrenhavam

Como as veias que correm no nosso corpo

E latejam e pulsam como se tempestade que faz ruir os muros

Tal como o jardim que permanece verdejante e perfumado, deixa que seja assim a tua vida,

Perfumada pelo inebriante aroma de um amor perfeito.

Não é sempre Inverno.

Deixa o sol afastar as nuvens para que o seu brilho e o seu calor aqueça os nossos corações.

Para que sintamos a Primavera e com ela a esperança do verde dos campos, do cantar de uma ave, do suave roçar do vento.

Já não chove, mas o jardim mantem a frescura de sempre, os aromas mais puros que inebriam e consolam.

Sente a doçura do mel que a abelha procura na corola de um beijo.

Mesmo que seja Verão,

O amor não tem estações, apenas um coração onde repousa e te aguarda.

Não tenhas medo.

Foto:Mafaldinha

Um campo para semear palavras e pensamentos.

Palavras ditas e escritas e caladas e por vezes pensadas.

Pensamentos sonhados, vividos, imaginados e perdidos

Um campo de melancolia e de saudade

Vastos horizontes e sonhos partilhados

Foto: Mafaldinha

Anne Sofie von Otter - Erbarme Dich

O que realmente importa

foto da internet

O tempo vai passando.
A cada instante que passa é passado que já não volta.

A cada momento que está para vir é futuro desconhecido e que de repente é passado, sem ser vivido, sem ser sentido.

Perdemos pequenas coisas, mas de grande sentido e que nos dão o verdadeiro sentido da vida.

Gosto de coisas pequenas. Sorrisos abertos, risos de crianças, o canto dos pássaros, de andar de pés descalços na terra, da brisa do mar, do cheiro da terra depois da chuva, de ler um livro empoleirada num alpendre, de ficar a conversar sob a luz da lua e do brilho das estrelas, apanhar agriões no ribeiro, ouvir as rãs ao pôr do sol, do restolhar das folhas ao vento, viver como se não houvesse tempo. 

Tenho saudade deste tempo que fica como uma doce canção, cantada pela voz que mais amo e me acompanha silenciosamente e me ajuda a retemperar forças a cada degrau que vou encontrando.

Bolo de iogurte e laranja

Ingredientes:

foto: mafaldinha

5 ovos
1 chávena (almoçadeira) de açucar (a receita original fala em chav +1/2)
2 iogurtes naturais
1 pacote de natas
3 chávenas (rasas) de farinha com fermento
raspa e sumo de uma laranja
4 colheres de sopa (rasas ) de coco ralado



1.Bater muito bem os ovos com o açucar;

2.Juntar a raspa e o sumo da laranja, os iogurtes e as natas, mexendo sempre.

3.Adicionar a farinha peneirada aos poucos e sem parar de bater

4.Acrescentar o coco, envolvendo bem

5.levar ao forno quente (180º) em forma untada com manteiga e polvilhada com farinha, cerca de 40 minutos

foto:mafaldinha

Nota: Como se trata de um bolo para crianças, fiz uma cobertura de chocolate e decorei com pepitas coloridas de chocolate;

Fica um bolo bem grande e bem fofinho, que as crianças adoram e os adultos não recusam!

Espero que tenham gostado!

Bom apetite

Meu Porto

  O Porto que eu amo 

Flores

nuvens

uma cor prata no céu

a serenidade do tempo

do tempo que se perdeu

e não volta

mas se voltar

eu estou aqui

espero quem amo

e quem me escolheu

sou ninfa do douro

e não me perdi

perdi-me de amores

perdi--me por ti

traz nuvens e flores

e um porto de abrigo
nos espera aqui

Imenso é o mar e o medo

foto:Mafaldinha

Se eu 

soubesse onde te encontrar...

navegando por entre as ondas deste mar imenso.

Cruzando oceanos e sulcando as marés 

derrubando tempestades 

acostava num areal sem fim, de algas e de fantasia

imenso é o meu medo

de te perder nas águas calmas do tempo.

A lua também está longe 

e nunca a perdemos de vista.

Quando te encontrasse cairia nos teus braços

para um tango

aquele que nós sabemos dançar 

e que ninguém sabe que o dançamos

lembras-te?

de dançar, como só tu me ensinaste!

guiar-te-ia nos labirintos do coração

e não diria nunca o que dissesses.

O mar também tem segredos

nunca revelados.