sábado, 16 de março de 2013

Um fio de silêncio *

Um frágil fio tecido de silêncio me vai ligando ao que resta nestes caminhos
Perdidos de ti
Da minha boca calada não há vestígios do que a alma guarda e escuto a voz
Que vem do coração. 
Sem que me digas nada, o sinal da tua ausência conta-me da tua dor, da tua ansiedade, 
Da tua permanente busca de desejo, insaciada e temerosa a tua voz
Coloquei o coração a transbordar nas tuas mãos e tu tiveste medo 
E foste deixando esmorecer o calor
Agora aí dentro vagueiam murmurios de um sonho que sinto apagado 
Mas espreita por uma luz pálida e timida que transparece no teu rosto meigo 
Quero que o vento sopre leve nos teus ombros e o calor aqueça a tua face mais sombria
Um ser à deriva nunca será um viajante e há sempre um bom caminho para percorrer
Para ida sem vinda, basta o tempo e, a saudade deixa a marca do tempo
E quando alguém perguntar, tu dizeres que sentes lonjuras 
E um coração tranquilo.
Serenidade e maturidade complementam-se
Apenas as marcas do tempo e da vida os conhecem
O doce sentir esse está bem dentro de ti, escuta-o e guarda-o
Para os dias em que as cores não brilham
Num mundo de brilho artificial e sem sentido, tu dás sentido a muitas vidas.

Foto:Mafaldinha
* um fio de silêncio  - título inspirado no livro de Mia Couto, O fio das missangas

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