sábado, 15 de fevereiro de 2014

Harmonia

O prazer da escrita está presente em todos os momentos. Como eu compreendo a Sophia de Mello Breyner quando se esquecia dos filhos no jardim, porque de repente lhe surgia um verso novo. Do filho não costumo esquecer, mas quantas vezes o tacho já queimou, ou quantas vezes a máquina ficou sem lavar, porque me perdi na escolha de uma palavra mais acertada. Quando apetece chorar, quando a solidão é a companhia mais assídua, quando se vivem momentos de felicidade, quando nada há para comemorar ou para evidenciar, até por obrigação, eu escrevo. Escrever é sempre mais fácil do que falar. Nem sempre a mensagem é compreendida, muitas vezes nem é recebida. Mas há prazeres que não se contabilizam, nem contam as horas, apenas os momentos em que a vida parece mais fácil. Há quem mereça mais, mas também há quem nem tanto mereça. Vou continuar a escrever, mesmo que nunca tenha um livro reunindo as melhores palavras, mesmo que não haja ninguém que as mereça, mesmo que sejam palavras escritas para mim. E quando fores tu a deixar de as ler eu saberei o que te escrever, pois até uma folha em branco leva mensagem. E quantas mensagens trocamos nos nossos silêncios e quantas palavras falam para além da saudade, havendo harmonia, talvez!

@Maça de junho

A foto foi encontrada na internet e o texto escrito por mim é dedicado a todos aqueles que procuram a harmonia numa pétala de uma flor

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