Quando
chegámos junto da tenda, afastaste a lona que protegia a entrada, baixaste a
cabeça e segurando-me pela cintura empurraste-me ligeiramente na direção do seu interior. Lá dentro estava escuro, a lua não trespassava a lona e a medo sem
saber muito bem onde pisar avancei. Quando olhei de novo a entrada já tinhas
baixado a lona e estavas de joelhos na minha frente. Agora já via o brilho dos
teus olhos, a habituação ao escuro interior, permitia reconhecer algumas sombras. Esticaste o braço e pegaste
um frasco de uma bolsa exterior da mochila que tinhas a um canto. Reconheci ser a tua mochila, a tua companhia mais fiel e segura. Seguraste na
beira da minha camisola e levantando-a tapaste-me o rosto. Levantei os braços e
ela passou por cima da minha cabeça. Pousando-a na tua mochila, voltada do avesso. Agora estava nua da
cintura para cima. Apenas trazia o pijama vestido, quando saí em direção ao muro que separa a horta do caminho da floresta. Já me viras de pijama várias
vezes ao acordar de manhã, enquanto as mulheres organizavam os pequenos almoços e tu
diligente suprias as faltas que o sono ainda não permitia resolver de imediato.
Mas nua, nunca tinha estado para ti. Colocaste a mão no meu peito alvo e eu
inspirei como querendo absorver o teu gesto, todo o calor da tua mão. Sorriste
novamente. Foi a segunda vez esta noite que abriste um grande sorriso para mim.
A mão tocou-me levemente o ombro e fizeste voltar-me de costas para ti.
Baixinho disseste «deita-te de costas para cima» Foram as primeiras palavras
que me dirigiste. Não te respondi. Deitei-me na esteira que fazia de cama. O meu rosto pousou sobre
uma almofada suave, muito suave e com um cheirinho a lavanda, como se tivesse
acabado de sair da lavandaria. Sem trocarmos palavras, dei um suspiro e a tua
mão acariciou-me o rosto. O silêncio não era vazio, dizia tudo aquilo que queríamos dizer, era apenas vazio de sons.
Uma
calma foi-me invadindo. As tuas mãos seguraram os meus ombros e com um dedo percorreste a minha coluna, desde o pescoço até ao final e quando repetiste o gesto no percurso inverso, já era a tua mão aberta que o fazia, numa massagem firme que me pressionava o peito contra a esteira, sentido o chão rude e duro que era a tua cama. A massagem prosseguiu firme e perfumada. De repente juntou-se ao aroma da lavanda um ligeiro
aroma de tomilho e eucalipto ou madeira não sei bem. Sei apenas do que sentia, que não interessa dar um nome. Aquilo que sentimos é único e apenas nosso, não permite definição.
Com a mão direita seguravas o meu cabelo e acariciavas
levemente a base da nuca, enquanto a esquerda ia percorrendo as costas, ora
mais levemente, ora com firmeza e alguma pressão de vez em quando. Take 2
@Maçã de junho
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