A
lua enchia o céu no quarto crescente imenso e translúcido, encostada ao muro
defronte das escadas perdida na deslumbrante claridade nem me apercebi da tua
chegada. A tua mão pousou levemente no meu ombro. Levemente, sempre levemente
apareces, surges vindo do nada e levemente te vais instalando ao meu lado. A
tua presença é leve, leve e terna. Não me assustei. A tua mão suave,
transmitindo calma e energia sossegou também o meu pensamento. Adivinharias tu
o que me inquietava? Se sim, não mo revelaste. Voltei o rosto e encontrei os
teus olhos pousados em mim. Absorviam-me a mente, e sorriam, ternos e meigos. O
teu ar doce e sereno, um pouco triste por vezes, talvez. Ah! Soubesse eu qual a
causa …
Um
dia saberemos tudo um do outro, e nesse dia a lua será também nossa companhia
para fazer com que as estrelas ainda brilhem mais para nós.
Não
falei nada, não era preciso. Encostei a minha cabeça no teu peito e assim
ficámos. O teu coração batia num compasso de trote e a tua respiração
aquecia-me o cabelo entrando no couro cabeludo. Não sei quanto tempo, mas algum
tempo depois, seguraste a minha mão e puxaste-me ligeiramente para ti. Deste um
passo e eu fui seguindo a teu lado, a tua mão na minha, grande, firme e segura. - Take 1
@Maçã de junho
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