Dia da poesia, da beleza das palavras, de sorrisos em forma de versos. Dedicatória branca, escrita ou inscrita no branco do lençol de uma cama asséptica. Dia de escrever nem mais nem menos. Apenas o sentido do dia que corre inseguro e doente, fala de poesia. Sem ti a poesia não tem sentido. Dia de te amar tanto a ti poesia.
@ag
@ag
«Tratado geral das grandezas do ínfimo
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades....
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.»
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades....
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.»
Manoel de Barros.
«Hoje sinto no coração
um vago tremor de estrelas,
mas minha senda se perde...
na alma de névoa.
«Hoje sinto no coração
um vago tremor de estrelas,
mas minha senda se perde...
na alma de névoa.
A luz me quebra as asas
e a dor de minha tristeza
vai molhando as recordações
na fonte da ideia.
A neve da alma tem
copos de beijos e cenas
que se fundiram na sombra
ou na luz de quem as pensa.
Se a morte é a morte,
que será dos poetas
e das coisas adormecidas
que já ninguém delas se recorda?» Federico Garcia Lorca
e a dor de minha tristeza
vai molhando as recordações
na fonte da ideia.
A neve da alma tem
copos de beijos e cenas
que se fundiram na sombra
ou na luz de quem as pensa.
Se a morte é a morte,
que será dos poetas
e das coisas adormecidas
que já ninguém delas se recorda?» Federico Garcia Lorca
«Intimidade
No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,...
No búzio mais convolto e ressoante,
No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,...
No búzio mais convolto e ressoante,
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.» José Saramago
«Não quero o primeiro beijo:
basta-me
o instante antes do beijo....
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.» José Saramago
«Não quero o primeiro beijo:
basta-me
o instante antes do beijo....
Quero-me
corpo ante o abismo,
terra no rasgão do sismo.
O lábio ardendo
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor
não tem depois.
Quero o vulcão
que na terra não toca:
o beijo antes de ser boca.»
Mia Couto
«O meu amor não cabe num poema ― há coisas assim,
que não s...e rendem à geometria deste mundo;
são como corpos desencontrados da sua arquitectura
os quartos que os gestos não preenchem.
corpo ante o abismo,
terra no rasgão do sismo.
O lábio ardendo
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor
não tem depois.
Quero o vulcão
que na terra não toca:
o beijo antes de ser boca.»
Mia Couto
«O meu amor não cabe num poema ― há coisas assim,
que não s...e rendem à geometria deste mundo;
são como corpos desencontrados da sua arquitectura
os quartos que os gestos não preenchem.
O meu amor é maior que as palavras; e daí inútil
a agitação dos dedos na intimidade do texto ―
a página não ilustra o zelo do farol que agasalha as baías
nem a candura a mão que protege a chama que estremece.
O meu amor não se deixa dizer ― é um formigueiro
que acode aos lábios com a urgência de um beijo
ou a matéria efervescente os segredos; a combustão
laboriosa que evoca, à flor da pele, vestígios
de uma explosão exemplar: a cratera que um corpo,
ao levantar-se, deixa para sempre na vizinhança de outro corpo.
O meu amor anda por dentro do silêncio a formular loucuras
com a nudez do teu nome ― é um fantasma que estrebucha
no dédalo das veias e sangra quando o encerram em metáforas.
Um verso que o vestisse definharia sob a roupa
como o esqueleto de uma palavra morta. nenhum poema
podia ser o chão a sua casa.» Maria do Rosário Pedreira
«Poema ao Desejo
Empurra a tua espada...
no meu ventre
enterra-a devagar até ao cimo
Que eu sinta de ti
a queimadura
e a tua mordedura nos meus rins
Deixa depois que a tua boca
desça
e me contorne as pernas com doçura
Ó meu amor a tua língua
prende
aquilo que desprende de loucura»
a agitação dos dedos na intimidade do texto ―
a página não ilustra o zelo do farol que agasalha as baías
nem a candura a mão que protege a chama que estremece.
O meu amor não se deixa dizer ― é um formigueiro
que acode aos lábios com a urgência de um beijo
ou a matéria efervescente os segredos; a combustão
laboriosa que evoca, à flor da pele, vestígios
de uma explosão exemplar: a cratera que um corpo,
ao levantar-se, deixa para sempre na vizinhança de outro corpo.
O meu amor anda por dentro do silêncio a formular loucuras
com a nudez do teu nome ― é um fantasma que estrebucha
no dédalo das veias e sangra quando o encerram em metáforas.
Um verso que o vestisse definharia sob a roupa
como o esqueleto de uma palavra morta. nenhum poema
podia ser o chão a sua casa.» Maria do Rosário Pedreira
«Poema ao Desejo
Empurra a tua espada...
no meu ventre
enterra-a devagar até ao cimo
Que eu sinta de ti
a queimadura
e a tua mordedura nos meus rins
Deixa depois que a tua boca
desça
e me contorne as pernas com doçura
Ó meu amor a tua língua
prende
aquilo que desprende de loucura»
Maria Teresa Horta
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