quinta-feira, 13 de março de 2014

A insustentável leveza da vida

«Tomas pensava: deitar com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só mulher).»

«O mais pesado fardo nos esmaga, nos faz dobrar sobre ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso docorpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.»

Retirado de:  A insustentável leveza do ser, Milan Kundera


Este livro mudou a minha vida, ou mudou-me a mim, talvez! Depois dele tornou-se claro distinguir o essencial do acessório na vida a cada um dos momentos que vão surgindo. A partir deste livro e mais tarde de quase todos os livros de Kundera, a minha vida procurou outros ritmos, amar obriga a partilha, a dádiva sem fazer contas, a tempo no tempo em que acontece. Não importa o amante, mas as qualidades, o que dá e o que exige. Mesmo quando a vida segue o ritmo dos dias, ausente, mas com poesia que lhe dá o desassossego, um ritmo que eu lhe imponho, nas lonjuras de um sentir. E aprendi que por vezes o efémero é aquilo que mais importa, porque é o que se vive com mais intensidade. Quem importa se se extingue, eu apenas conheço o momento atual, e esse me basta.

@Maçã de junho
Foto retirada da página de A Lifetime Photography


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