sábado, 22 de março de 2014

e. e. cummings

A cada instante sou aquilo que escolho ser e cada vez que procuro e.e.cummings sou um pouco a Hannah do filme de Woody Allen (Ana e suas irmãs) um filme que aborda temas como a amizade e os relacionamentos que dela decorrem, e os conflitos amorosos que decorrem entre amizades e entre irmãos e familias e onde os desafios os fazem a cada momento repensar o seu papel na sociedade.
E o que é viver senão a cada momento nos inquietarmos, nos questionarmos sobre o que faço aqui, para que servirei, afinal? Como no poema algures haverá resposta, seja no silêncio, seja no desfolhar de uma nova primavera. A primavera que agora chega que não feche a beleza das rosas longe do alcance dos olhos de quem como eu alcança vislumbrar a vida nesse sentido frágil a ponto de poder partir a qualquer momento, como o amor, mesmo sabendo que o amor nunca morre

«algu­res aonde eu nunca viajei, alegremente além de
qual­quer experiência, os teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frouxo há coi­sas que me prendem,

ou que não posso tocar de tão pró­xi­mas que estão

 o teu mínimo olhar há-de facil­mente desprender-me
embora eu me tenha cer­rado como dedos,
tu sem­pre me abres pétala a pétala como abre a Primavera
(tocando hábil, misteriosamente) a pri­meira rosa

 mas se teu desejo for encerrar-me, eu e
minha vida fecha­re­mos em beleza, de repente,
como quando o cora­ção desta flor imagina
a neve em tudo cui­da­dosa descendo;

 nada do que existe para ser sen­tido neste mundo iguala
o poder da tua extrema fragilidade:cuja textura
me sub­mete com a cor dos seus domínios,
repre­sen­tando a morte e para sem­pre em cada alento

 (eu não sei o que é que há em ti que fecha
e abre; apenas alguma coisa em mim entende
a voz dos teus olhos mais pro­funda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem tão finas mãos,.»

(in viii poema,  página 43 de xix poems e.e.cummings).

 @Maçã de junho

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