domingo, 14 de setembro de 2014

Código

Há um código de processo pessoal que ainda não está escrito. Aos poucos vou preenchendo as folhas brancas, de pensamentos nossos. Sim nossos. Os teus, eu adivinho. Não precisas dizer-me nada. Os nossos silêncios dizem tudo ao outro. E quando falamos, nem precisamos falar de nós, pois sabemos tudo apenas pelo respirar, apenas pelo fôlego das palavras. O encanto está no que os nossos corações guardam e não no lamento do impossível. Para nós tudo é possível e tudo realizamos, mesmo quando apenas no sonho. E na alma guardamos tudo aquilo que gostaríamos de dizer e não dizemos. Mas a alma precisa de alimento para continuar a amar. Poderia dizer-te muitas coisas: o quanto me fazes feliz quando estás comigo, mostrar-te as lágrimas que guardo quando a tristeza fala mais alto, ou dizer-te o quanto sinto a tua falta, por vezes, muitas vezes. Mas tudo isto tu já sabes, porque também sentes. No entanto preciso dizer-te uma coisa, estou em paz contigo, pois foi contigo que aprendi a acreditar novamente na minha capacidade de amar. Prometo amar-te até ao infinito, mesmo que o infinito termine amanhã. Porque viver é aceitar o risco do que a vida nos dá e a  capacidade de nos maravilharmos com sabedoria, confiança, dor, ou impossibilidades várias. Tudo temos conseguido com paciência, admiração, bondade e o coração repleto de amor. E este código que ainda não está escrito, mas que todos os dias é acrescentado de algo novo, algo melhor e maior, há-de servir ... como testemunho de uma bem-aventurança plena de silêncios, e de palavras, e de gratidão e de admiração. Assim é o amor transposto para o código da vida.

@Maça de junho

Albert Bierstadt: Tra le montagne, 1867 olio su tela, cm 91,9 x 127,6. Wadsworth Atheneum


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