Gosto de terminar um ano e iniciar outro. Nunca pensei muito no motivo, até porque nem sou de grandes festejos. Gosto do período a caminho do final do ano, como fim de ciclo, as festas do solstício de inverno (nas antigas culturas pagãs) disso são precurssoras, no convite à meditação. A natureza do balanço, do pesar o que foi feito ou não, do que valeu ou não a pena, perceber o que se fez de bem e regozijar-me com isso, analisar o que ficou mal e procurar corrigir, ou não repetir o erro, agrada-me. Bem sei que muitas vezes continuamos a fazer tudo errado, e não há planificação que altere o estado de coisas. É um pouco como nos governos, vão uns e vêm outros, mas a tendência para as políticas erradas, lá se mantém. Os planos, promessas, resoluções de ano, não se coadunam com a minha pessoa. Não sou grande publicitária de mim própria, antes pelo contrário, critico-me abertamente. Mas gosto de encontrar motivos para mudar, pretextos para alterar atitudes, sem alarido, nem fazer deles uma efeméride, nem marcar o dia como se faz com o casamento e depois é só esperar que dê tudo errado! Mais que delinear projetos falhados, procuro o encontro de mim própria e dos outros, do sentido da vida, quer desta que todos os dias nos é dada pelo dom de Deus, quer do significado que representa perante o universo e os outros. Afinal Ano Novo é tempo de família, amizade, amor, solidariedade, gratidão, generosidade, de sonho e de encontro. Espero apenas encontrar motivos para sorrir, encontrar motivos para acreditar num amanhã melhor, para ainda ter esperança no país e nos homens que sejam de boa vontade, como esta quadra protagoniza. Não desejo nada de especial, mas gostava que a paz reinasse no coração dos homens, de verdade. E que fossem tomadas apenas decisões inteligentes por quem exerce o poder. Gostaria que a fome no mundo fosse apenas uma sombra passageira. Mas há um sentimento que eu aboliria da face da terra, se para isso me fossem dado poderes: a hipocrisia que reina entre as relações humanas.
Basta de utopias! Desejo que o Ano se renove para além do número, que se renove em maturidade, confiança e em motivos para acreditar que é possível voltar a viver, mesmo depois de ficar sem asas ou de perder o rumo.
FELIZ 2015
@Maça de junho
Deste-me a fraternidade para com o que não conheço.
Acrescentaste à minha a força de todos os que vivem.
Deste-me outra vez a pátria como se nascesse de novo.
Deste-me a liberdade que o solitário não tem.
Ensinaste-me a acender a bondade, como um fogo.
Deste-me a rectidão de que a árvore necessita.
Ensinaste-me a ver a unidade e a diversidade dos homens.
Mostraste-me como a dor de um indivíduo morre com a vitória de todos.
Fizeste-me edificar sobre a realidade como sobre uma rocha.
Tornaste-me adversário do malvado e muro contra o frenético.
Fizeste-me ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria.
Tornaste-me indestrutível, porque, graças a ti, não termino em mim mesmo.
Pablo Neruda
Acrescentaste à minha a força de todos os que vivem.
Deste-me outra vez a pátria como se nascesse de novo.
Deste-me a liberdade que o solitário não tem.
Ensinaste-me a acender a bondade, como um fogo.
Deste-me a rectidão de que a árvore necessita.
Ensinaste-me a ver a unidade e a diversidade dos homens.
Mostraste-me como a dor de um indivíduo morre com a vitória de todos.
Fizeste-me edificar sobre a realidade como sobre uma rocha.
Tornaste-me adversário do malvado e muro contra o frenético.
Fizeste-me ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria.
Tornaste-me indestrutível, porque, graças a ti, não termino em mim mesmo.
Pablo Neruda
Sem comentários:
Enviar um comentário