segunda-feira, 30 de junho de 2014

Espero e tu não vens

De que valerá esperar por ti
Se nunca estás aqui ao meu lado
Nem chegas ao cair da noite,
Que adormece no braços das trevas.
Quando chega a primavera espero por ti
Para te mostrar as primeiras flores
As magnólias lá fora e o jasmim nos rebentos das folhas
Quando nascem os cordeiros e a água escorre dos outeiros
E tu nunca vens
Nem chegas quando os pássaros chegam
Nem quando as aleluias entoam no calendário.
Espero por ti e tu não vens,
Quando o sol se levanta nas manhãs frescas de orvalho
Nem vens apanhar cerejas da minha boca,
E olhar as abelhas no banquete doce das tardes quentes de junho.
E nas noites de estio, quando as cigarras cantam e os pirilampos dançam
Nas folhas das amoreiras e dos silvados
Eu espero por ti, pelo doce do teu calor e pela seda do teu olhar,
E tu não vens
Nos campos de trigo onde os gafanhotos saltam,
Adormeço envolta em sonhos e na maciez do feno, sem ti.
E nos degraus xistosos, escavados pela natureza humana
adoço a boca com o néctar das uvas, sedenta de outros licores.
Ao cair do outono, nas tardes que adormecem longas
No romântico vermelho das folhas, escrevo novos versos
Em forma de canções e de lonjuras,
Para me lembrar de ti, para me esquecer de mim.
E tu não vens.
Quando os dias acordam ensombrados
procuro por ti entre as nuvens
E sonho embalada nos teus braços envoltos em algodão.
E o solstício regressa sem ti, e as estrelas renovam-se por ti.
Os pássaros voam para sul e as árvores despem-se como eu para ti
E tu não vens, nem te escondes na sombra das noites longas.
Nem aguardas pelo cantar do cuco, nem pelo degelo das serras
E eu espero pelo agonizar do dia, apenas.
@Maça de junho



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