Miguel Torga
12 Agosto de 1907 - 17 de Janeiro de 1995
"Nasci,
Como um cabrito
Ou como um pé de milho
É debaixo do chão que me procuro
Desta terra sou feito
Fragas são os meus ossos,
Húmus a minha carne
S. Martinho de Anta não é um lugar onde, mas um lugar de onde
A terra onde nasci e de onde verdadeiramente nunca saí
Este meu apego ao berço já não é tanto um mistério de raízes como um refrigério de cicatrizes.
Tropeço em cada pedra, bebo em cada fonte, vou de anjo em cada procissão
O meu segredo é este: curo as chagas com pensos de terra, na beleza viril duma paisagem onde sempre me apetece parir ou morrer.
O destino plantou-me aqui e arrancou-me daqui. E nunca mais as raízes me seguraram bem em nenhuma terra."
Miguel Torga - Fotobiografia |
É na terra que nos deu ao mundo que deitamos as raizes e dela nunca deixamos de sentir, por onde quer que peregrinemos, a perene ansiedade do regresso. Nem que seja para o último descanso. Ninguém tem morada definitiva e última em terra alheia. É da nossa condição de mortais.
ResponderEliminarÉ da natureza humana, pois os nossos atos, o que pensamos, sentimos, são fruto das raízes onde fomos gerados, embora o contexto cultural histórico e social onde nos inserimos, os amigos, a família, trabalho e a vivência do meio nos possa influenciar de alguma forma, poderá moldar-nos mas não nos seca, tal como o rio que não seca no estio.
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