quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Perdi-me nos teus encantos e deixei o meu decote
na tua camisa. O teu perfume ficou no linho dos lençóis
E veio agarrado à minha pele. E o sol já adormece
Por entre os fumos da ilha em mágicas baforadas brancas.
Anda comigo ver o crepúsculo da nossa janela
E olhar a lua. Que é só nossa, como das outras vezes.

Quando a quilha desaparecer nas ondas do mar
Vou saber que hoje não regressas ao cais.
Assim me vou descontando dos dias de espera
E antes de adormecer invejo as lágrimas de orvalho
Que vão secar ao amanhecer. As minhas vão parar
No mar errante de cada página, onde o mareante sou eu.

Neste céu onde as palavras pararam ontem
Não vejo o teu rosto e leio palavras que sinto são minhas
Mas vejo os teus pés, que vieram para me encontrar
E quebrar a distância e o medo.
Tocar levemente as folhas, deixar que se abra como um livro
E conhecer esta côncava harmonia.




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