quinta-feira, 27 de junho de 2013

Amadurecendo

No cesto cabiam apenas pequenas amostras de mim
A fruta nem sempre é doce ao trincar
Mas quando madura, a cada mordida deixa um sabor autêntico
E desfaz-se na boca, suculenta e suave,
Para perdurar nos lábios dos amantes
Se recordarem o tempo das ameixas vermelhas!
Agora as cerejeiras estão já depenicadas pelos pássaros
Que esvoaçam na brisa da manhã e ao cair da tarde
E no chão jazem as cerejas, desmaiadas de calor
Não resistem ao abandono que o bico fino e prazenteiro lhes devota.
Para ser fruto, primeiro há que ser árvore de fortes braços e resistente folhagem
Como dois corpos, florescer num arraial de relâmpagos que resistem na intempérie dos sentidos
O prazer está em escalar até ao topo e segurar a maçã, sem vacilar
E pelo riso da infância em rubra e formosa textura da tua boca findar
No cesto restam apenas amostras do que ficou do festim, caroços desfeitos em pedaços
Foto:Mafaldinha




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