Lá porque sou um livro aberto não serão precisas muitas páginas para ler. Serão tantas, quantas aquelas que vieres comigo escrever. Mesmo no silêncio nada fica por dizer, e nem a brisa do vento tomba as folhas por bordar. Lê-me, mas devagar, e deixa ser eu a anotar, as horas e o vagar. Há páginas que ficam em branco. Não é por falta de alma apenas porque não queremos manchar a pureza desse momento. Quando o deixo aberto, na penumbra de um sentir, fico à espera que me digas o que escrever a seguir. E se nem sempre surgem letras a expressar o sentimento dá-me um retrato de ti que guarde eternamente. Quero guardar uma obra, que faça sorrir quem a ler, tudo tem um começar tudo tem entardecer. Diz-me agora tu, do teu jeito, qual a página que guardamos, para daqui a muitos anos. Quero ler-te com os olhos macios como veludo e fechar-te no coração, com uma janela aberta de par em par, não quero perder-te ainda como vaga recordação. As folhas não as colorimos, nem a tua boca fresca e macia se abeirou para as pintar. Não quero deixá-las manchadas quando uma lágrima tombar. Podes chegar devagar e deixar-te amar, como um livro inteiro, posso sempre tomá-lo como um refugio e ao prazer mantê-lo em segredo. Jogando o jogo da liberdade e descansando depois como se descansa quando o livro é bom, voando sobre o infinito de ti.
Foto:internet |
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