Crescera no meio do rebanho com a
companhia do cão, o velho Restelo que conhecia desde que nascera, e a protecção divina dos céus. Calcorreava o paraíso nos montes que
eram de esteva e feno no verão, onde nasciam granitos e pedras de gelo no
inverno.
Nunca ninguém lhe ensinara a magia de juntar letras para inventar palavras. Sabia defender-se do perigo de alcateias inteiras mas desconhecia o
perigo do mundo. Desceu à cidade e perdeu-se nos seus braços. Forasteiro, moreno, de verbo fácil e comerciante reconhecido. Começou por lhe oferecer um lenço bordado, lindo, cheio de cor e de flores que guardou durante toda a vida. Agora chora a sua
perda.
Fotos: Mafaldinha |
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