segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Novo Ano

Novo Ano em 77 palavras

De portas abertas ao espanto, o Novo Ano começou!
Num mundo de rimas e de sonhos, de poemas e de poetas e de cidades repletas de vida, cor e de movimento.
Com janelas abertas para os jardins, para os museus e para bibliotecas cheias de vida, onde vivem e dormem os escritores.
Se não houvesse horários, nem preocupações de vida, nem lamentos, nem miséria...
Aí sim, seria um verdadeiro Novo Ano Bom em toda a sua plenitude!



Foto: Orquídea do meu jardim

domingo, 30 de dezembro de 2012

Caminho

O caminho é longo
E o horizonte nem sempre claro,
Sem bússola nem mapa,
na imensidão branca e fria
A suavidade é apenas uma aparência.
Hei-de inventar um poema
E dizer o que sinto
Sem sentir frio.
Depois, quando tiver escrito,
Saberei que viveste
Uma história de amor
Sem fim
Que prossegue
além de mim
No caminho.



No inventário dos livros

A nossa vida é muito especial e por isso devíamos dar mais atenção aos nossos gostos, aos nossos desejos ao que nos faz vibrar e sentir viver. Nem sempre o fazemos, nem sempre o lembramos. Traçar objetivos, concretizar projetos e aspirações serão uma boa forma de cultivar esse prazer que raramente nos permitimos sentir. 
Um dos meus grandes prazeres é ler, horas e horas sem sentir o tempo, apenas o cheiro das folhas e o desenrolar das páginas.Todos os anos me proponho ler imenso, coisa que depois não se concretiza por motivos vários, o maior inimigo é sempre o tempo que teima em escorregar por entre as horas do dia e desaparecer na escuridão da noite sem tréguas nem contemplação.
O terminar de um ano é um pouco um fim de ciclo, de renovação de ideias, de novos projetos e novas ambições. 
Tal como aqueles que amamos são eternos na nossa memória e no nosso coração e sempre presentes, seja qual for a forma de se manifestar essa presença, assim é com os livros. Fica sempre um pouco deles na nossa memória, nas nossas recordações. Por isso um livro é um amigo, uma companhia, uma paixão!
Alguns dos livros que li (alguns deles reli) em 2012 e dos quais guardo muitas e muito boas recordações:

Mãe - Pearl S. Buck
Adoecer - Hélia Correia
A fada Oriana - Sophia de Mello Breyner Adresen
O meu primeiro Miguel Torga - João Pedro Mésseder
A morte no retrovisor - Vasco Graça Moura
Na Rua Arabe - Nuno Rogeiro
O caminho para a servidão - Friedrich Hayek
A tia Tula - Miguel Unamuno
A confissão da leoa - Mia Couto
Anna Karenine - Leo Tolstoy
Quarto livro de crónicas - António Lobo Antunes
As vindimas - Miguel Torga
A valsa esquecida - Anne Enright
Agridoce - Roopa Farooki
Vento Suão - Rosa Lobato de Faria
Poesia Reunida - Maria do Rosário Pedreira
Os subterrâneos da Liberdade - Jorge Amado
D.Estefânia um trágico amor- Sara Rodi
Os dois corvos - Aldous Huxley
Os ciganos - Sophia de Mello Breyner Adresen e Pedro Sousa Tavares
Quando sopra o vento norte -Daniel Glattauer
Eu Leonor Teles, a rainha maldita - María Pilar Queralt del Hierro




quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Pudim de abóbora


Um pudim muito saboroso, muito leve e muito prático para fazer nesta época de tanta doçaria, mas em que falta por vezes uma sobremesa menos pesada em farinha.
Como eu gosto muito de todas as receitas doces que levam abóbora e as abóboras são estrelas, pela sua cor amarelada, transmitem conforto, esta também posso dizer é uma das minhas preferidas, pois com a polpa rica da abóbora as sobremesas fazem as delícias desta família

Ingredientes:
500 gr de abóbora cozida e escorrida
3 ovos inteiros
1 colher de sopa de farinha maizena
220 gr de açucar
50 gr manteiga derretida
50 gr côco ralado (opção)

Para o caramelo:
1 chávena de açucar
1/2 chávena de agua
sumo e raspa de uma laranja grande

Fazer o ponto de caramelo (claro ) e depois juntar a raspa e o sumo de laranja de forma a ficar bem aromatizado. Deitar na forma de pudim e barrar bem.

Depois de cozida e escorrida a abóbora desfaz-se bem com um garfo e juntam-se os restantes ingredientes, batendo bem, com a varinha de arames.

Colocar o preparado na forma e levar a cozer em banho maria durante cerca de uma hora.

Deixar arrefecer bem antes de servir (deixar de um dia para o outro) e decorar a gosto, eu coloquei fios de ovos que tinha nesta ocasião.

Bom Apetite!




O Natal é aquilo que somos e o que fazemos pelos outros


Natal é um estado de espírito, onde as tradições são um modo de vida, de saborear e de partilhar. Numa família onde houver crianças, é viver a magia da celebração da inocência. É um presépio em permanente mutação, com as figuras ora longe, ora próximas em adoração profunda do Menino.
Reunida a família viver os valores cristãos e a força dos afetos, a confusão de vozes em volta da mesa, os aromas das especiarias que chegam da cozinha e que me seduzem entre a abóbora cozida a transmitir calor e aconchego, as filhoses quentinhas e cheias de açucar que são deliciosas, as couves numa grande panela em fervura acelerada ou o bacalhau luzidio e regado com aquele azeite suave e quase doce de tão pouca acidez que comporta. São mimos para partilhar com quem mais gostamos nesta época de amor e aconchego. Mas eu, nunca fico plenamente realizada com estes proveitos, fico sempre aquém daquilo que pretendo dar, realizar ou partilhar. 


O tempo em dezembro passa a correr, eu imagino e planeio sempre imensas coisas e depois tudo é feito à última da hora: as decorações, os presentes (compro pouca coisa e faço compotas e frasquinhos disto e daquilo para personalizar), mas o que conta mesmo é celebrar e partilhar com um toque de carinho ou muito amor ou até só apenas de amizade, tudo muito sentido e querido. E depois nunca esquecer os cartões de Boas Festas, personalizados, manuscritos por alguém que pensava em nós no ato de o escrever e enviar, tradição que se vai perdendo com o recurso cada vez mais difundido das mensagens eletrónicas uniformizadas e pouco personalizadas. Porque o Natal é o momento para aproximação, estabelecer laços muitas vezes enfraquecidos, marcarmos a diferença, e para mim é importante sentir que posso contribuir para fazer alguém sorrir, fazer algo único e especial que me deixa feliz, com a alma cheia. 


Espero que o vosso Natal a todos tenha mostrado o sentido do presépio e nos permita seguir a estrela e mantenha o brilho da luz em  todos os corações por todo o ano 2013!

Festas Felizes

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Natal

Na distância há cidades iluminadas
E chaminés fumegantes
Fazendo sentir lareiras de calor e de luz
Envoltas em conversas animadas e risos de crianças felizes
A mesa repleta sacia estômagos e faz transbordar corações.

Pelas ruas escuras da noite negra e sombria
Do frio e da ausência de brilho
Soam passos hesitantes que suportam o peso da vida,
Num mundo de valores perdidos e vencidos
Pelo egoísmo de quem já se esqueceu.

Deixam rastos no caminhar do tempo
São órfãos do amor que vagueiam por aí
Sem sentido nem sentindo a imensidão da dor
Apenas para os que sentem com o coração
Existe Natal



Foto: Mafaldinha

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Sonhos de abóbora de Natal

Quando deixamos que o espírito de Natal envolva o nosso coração tudo se torna mais suave e mais belo! Feliz Natal!

Por agora lembrei-me de partilhar uma receita que gosto muito de fazer pois que me traz antigas e muito queridas recordações da minha avó paterna.
É uma receita fácil e geralmente todos os que provam apreciam muito.
Dedico-a a alguém muito especial que sei adoraria poder provar o primeiro que eu cozinhasse, apreciando-o se estivesse verdadeiramente bom e criticando se de algum ingrediente carecesse.
Em sonhos provará de todos os sonhos que o sonho nos permitir.





1 kg de abóbora cozida e escorrida
3 ovos
300 gr de farinha
5 colheres de sopa de açucar
1 colher de chá de fermento em pó
1 colher de sopa de aguardente
Raspa de uma laranja

1.Cozer a abóbora. Deixar escorrer bem (deixo de um dia para o outro).

2.Com as mãos desfazer a abóbora e juntam-se os ovos que devem ser bem batidos à parte.

3.De seguida o açucar, a farinha e o fermento.

4.Por fim a raspa de laranja e a aguardente




A massa não deve ficar muito mole. se estiver deve juntar mais um pouco de farinha.
Eu amasso tudo com as mãos, da forma que se amassava o pão antigamente.
Frita-se em óleo bem quente, colocando a massa no óleo com uma colher.
Depois de fritos e ainda quentes, passam-se por açucar e canela.

Bom apetite!


Foto:Mafaldinha

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Um aceno

Na madrugada gelada esvoaça 
um pássaro minúsculo, franzino 
perdido no sussurrar do vento
segue rasgando a bruma e o medo
Sem perder a rota e sem rosa dos ventos

Deixo-me embalar no seu trinar melódico
e absorvo a brisa que me aconchega
numa sinfonia de silêncios 
Como se fora uma ânfora 
de harmonia e mel

E sinto emergir no horizonte
um sussurro leve, um aceno breve
Um afago, uma verdade serena
Se aninha em minhas mãos por um instante
o aroma da vida brota com o nascer do dia


Foto:Mafaldinha




segunda-feira, 17 de dezembro de 2012




Foto:internet



Meto-me para dentro, e fecho a janela.
Trazem o candeeiro e dão as boas noites,
E a minha voz contente dá as boas noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva,
Ou tempestuoso como se acabasse o Mundo,


A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito.
E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme
. in Alberto Caeiro

sábado, 15 de dezembro de 2012

Um segredo



Regra: utilizar quatro palavras todas a derivar da primeira e  a seguinte contendo a anterior incorporada
Escrever um texto com 77 palavras

palavras:   Tem  - tempo  - tempero -  temperamento

Um Segredo

Tem um sonho bem guardado
fechado com um segredo
Numa caixinha de música
 Longe do mundo e do medo

Escutando levemente as notas do tempo
Num desalento profundo
Esconde dos dias a dor que o prende
à crua matéria deste mundo

As notas da partitura
São uma forma de amar
Cada tom com seu tempero
Desfolham doce  poesia no ar

Cada homem um temperamento 
Cada dia uma ilusão
De saber abrir a porta 
Para aquele  pobre coração


Enquanto me deliciava escrevendo e contando as palavras e construindo rimas e rindo do meu desespero e sentindo a chuva lá fora, triste, fria e desolada, ia ouvindo 




quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Bolachinhas de Natal

Em dias de chuva também me apetece ficar na cozinha a procurar o calor do fogão e do forno, a queimar as mãos ao segurar nas tampas e a deliciar-me com os cheiros que emanam dos vapores que sobem no ar.
Lá fora o vento sopra e sinto a chuva escorrer pelas vidraças como lágrimas teimosas.
Por vezes dou comigo a sonhar em como gostaria de ter nascido no Século XIX, mas numa família que me permitisse aceder à instrução e ter uma cozinha daquelas grandes com um grande fogão de lenha e muitas panelas brilhantes de tão bem areadas e com tempo para ler e para me dedicar às crianças e aos chás com as amigas e criar todos os dias uma nova receita para aconchegar o estômago dos que estimo. Ai como seria feliz, certamente ...
Assim em pleno século XXI com horário de trabalho e uma cozinha pequena e pouco tempo para inventar romances e a mesma e imensa vontade de agradar e ser motivo de alegria e orgulho a quem me aquece o coração e me preenche os dias com  encantos da alma e do sonho e me faz feliz.

Hoje tinha mesmo que improvisar alguma coisa para levar para a festa de Natal do Bambino e claro juntar ao improviso as preferências infantis. 
É um prazer ver aqueles rostinhos olharem-me a sorrir e em grande gritaria dizerem que poderia ter feito mais. Sinto-me tão envaidecida nestas horas que quase me apetecia deixar as contas e os impostos e as leis fiscais apodrecerem na gaveta para poder criar destas  delicias diariamente. 

As bolachinhas já estão prontas e ei-las






Fotos:Mafaldinha




Quando o coração tem razão


Foto;Mafaldinha


Quem tem razão
Quem sabe disso ou não
Nenhum dos dois certamente.
Qual o beijo que era meu
E qual o abraço que foi teu?
Já não lembra, vê na tua pele
Se o cheiro tatuado ainda tem aroma.
E o destino com quem fica
Segue connosco sem partilha!
Mas o orgulho ofendido
não deve nada
e o amor próprio é rico
e por vezes tem talentos escondidos
De mãos dadas com a arrogância
arrogam-se tantas certezas
que em redor tudo escurece
e carece de saber.
Briga de amor não tem cor
mas pode trazer muita dor
no calor da discussão.
Perder a luz do farol
é como ficar sem sol

De quem é este jasmim
que compraste só p'ra mim?
Mas eu fico sem a flor
nem que seja por amor ...
Dá-me o livro pessoal
que te comprei sem sinal
de um qualquer enxoval,
Dou-te as tuas confidências
e tu esqueces as minhas dolências
E agora quem vai olhar o mar
E ver o sol a acordar?
E o que faço dos silêncios de mãos dadas
E da música que escutamos na alvorada?
E a quem vai o luar mandar os segredos
nas noites estreladas?
E quando chegar a primavera e sem ela uma andorinha
A quem vais mostrar o ninho com um ovo?
E quando olharmos para o cimo da árvore que é só nossa
Eu quero ser a bem aventurança que procuras
E voltar a ouvir dos teus lábios que estou bonita. Diz-me mais uma vez!


domingo, 9 de dezembro de 2012

Natal



Foto da internet



...na distância da lua partida ao meio
E o solstício de inverno
Que deixa o frio lá fora
Aqui onde a paz é tricotada
Em segredos envoltos no novelo
Que aquece o coração
Já é Natal!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


Na espuma dos dias
E olhando o horizonte
Que nasce todas as madrugadas
Na ousadia de amar
Diz-me
Quem pintou o céu de azul
E coloriu o arco irís
Quem deu um nome às estrelas
E vestiu o céu de nuvens
Quem fez o sol e o sonho
E deu ao luar a magia
De um mar imenso
Certamente esconderia de mim
quando tu vens
Beijar-me de novo
Certamente adivinharia
Quem se esconde no meu coração
Certamente tornaria perene
O meu amor e o teu.



Foto:Mafaldinha


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Rabanadas

Quando o espírito de natal me absorve, aqui por casa começa a sentir-se o cheiro de especiarias. Enquanto as minhas amigas deliram com novas roupas, jóias caras, férias de sonho, eu sonho com uma cozinha aconchegante, umas delícias para cozinhar e a ternura dos que me são queridos para me aquecer. Bem, também gosto de livros e de música e de louças bonitas e de flores e de ser coquete! Mas troco de boa vontade uma ida às compras, pela oportunidade de cozinhar um mimo para quem me mima.
O aniversário do mano e a vinda próxima de um amigo muito especial foi suficiente para me proporcionar o prazer de por as mãos na massa e surgir uma delícia natalícia para abrir desta forma as comemorações da quadra festiva!
As minhas famosas rabanadas 










 



 Receita de Rabanadas:
1 cacete para rabanadas cortado em fatias
3 ovos  
400ml de leite morno
raspa de limão
óleo para fritar

Calda
1/2 litro de água
600 gr de açucar
raspa de limão
pau de canela
Colocar todos os ingredientes num tacho e levar ao lume até fazer ponto

1. Aquecer o leite com a raspa de limão.
2. Bater bem os ovos numa taça larga
3. Molhar as fatias no leite
4. Passar as fatias no ovo e fritar em óleo bem quente
5. Colocar a escorrer em papel absorvente 
6. Colocar as fatias numa taça e regar com a calda

Outro método  (molhadas as fatias na própria calda):

Depois da calda feita, dividir metade e nessa juntar duas colheres de sopa de vinho do Porto.
Molhar as fatias de pão nesta calda, passar por ovo e fritar em óleo bem quente.
Depois de fritas colocar numa taça e regar com a calda restante

Bom apetite!



Saborear uma rabanada e uma chávena de café quente deixou-nos a recordar a voz daquele mar lá longe na distância! Haverá outros mares e outras distâncias a percorrer no caminho para o coração. 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Um doce para o advento

A vida é agitada, nem sempre estamos com quem gostamos, nem sempre fazemos o que nos dá maior prazer. Conciliar as exigências profissionais com a vida familiar, com as solicitações sociais e com os prazeres que retiramos das mais variadas vivências é dificil de concretizar, alguém fica para depois. Mas nem sempre o que é depois é menos importante. O equilibrio é fundamental e esse existe quando há ponderação, compreensão e ternura. Utilizando uma palavra querida dos psicólogos, ser assertivo. Mas o apoio dos que aquecem o nosso coração é primordial, pois neles encontramos e fazemos o tal equilibrio. 
Procuro no dia a dia viver desta forma e permitir que os que me rodeiam também assim se sintam. Nem sempre o atingindo, melhor, raramente.
Como toda a mulher que conheço, adoro mimos, mas também sei que não os posso obter quando e como gostaria, por isso desenvolvi uma fórmula, sem grandes cálculos nem derivações, que guardo no coração e que me permite sentir realizada: ser eu a dá-los! Nem sempre chego a tempo ou sou suficientemente expedita a fazê-lo (a ponderação que se ganha com a idade retira espontaneidade, muitas vezes) mas o meu carinho com aqueles que sei se preocupam comigo aparece muitas vezes sob a forma de doces ou de pratos confecionados com muitos pozinhos de ternura. Quanto prazer eu retiro ao observar a satisfação e o agrado com que as minhas invenções culinárias aquecem o coração dos que mais amo. 
Ontem começou o advento o que nos deve levar a refletir e aprofundar a proximidade do Natal 

A luz de Cristo enxugue todas as lágrimas, console quem está triste e encha nossos corações de alegria para preparar a sua vinda e louvar o seu nome, tal como os Anjos cantando Glória a Deus nas alturas.

Hoje temos aletria para sobremesa

150 gr de aletria
150 gr de açucar
2,50 dl de leite
1/2 litro de água
um pau de canela
casca de limão
1 colher de chá de manteiga
3 gemas


1. Leve a água com a casca de limão e o pau de canela ao lume;
2. Deixe ferver, junte o açucar e a aletria e mexa bem e deixe cozer
3. Quando a massa secar junte o leite morno e retire o pau de canela e o limão
4. junte a manteiga e deixe engrossar
5. retire do lume e junte as gemas mexendo bem para não cozerem.
6. Deite num prato e decore a gosto




Fotos: Mafaldinha



Bom apetite!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Este livro que se permite ler devagar não foi escrito
Na espuma dos dias
Vai sendo gravado em fios de ouro
Em cada parte de nós
Mando-te palavras em vez de beijos porque
No poema podemos repetir
Todos os momentos
Talvez haja outro dia
Quando as flores nascerem e a chuva passar
Apenas com o despertar do coração
Unimos o vento, a lua e o céu
O futuro não pode ser adiado
O mar já chegou a enseada


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O meu relógio parou
Apenas o meu coração soltando o tique taque ansioso
pelo ainda desconhecido mas esperado.
Os minutos agora não contam,
Agora contam os beijos, os sussurros, as carícias
E a ternura que tomam a noite numa chuva de estrelas
Brilhantes de felicidade.

Aconteceu como previsto
Sem lamentos nem exasperação
As horas que foram nossas, comprometidas
E ocultas da visão humana
Voaram por entre o verde da insula e as fumarolas de espasmos
Com tanto amor que a tua voz derrama
que o meu coração vibrou com o toque desta descoberta

Adormeci nos teus braços
E a noite não passou, fomos nós que saltamos
O negrume do céu e acordamos
Quando o calor dos lençóis nos embalava
num doce amanhecer de nuvens macias e sonhos vividos.
Um dia as ondas falarão e o pensamento será escrito na espuma
da superíicie deste mar que vem de encontro aos nossos corações.


Foto:Mafaldinha

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Histórias em 77 palavras

Gosto muito de escrever. Gosto de escrever cartas, de enviar postais de natal, de escrever pensamentos que me ocorrem ou sobre questões da vida ou sobre o nosso país ou a economia do mundo. Já fui mais participativa destas coisas da escrita. Tive algum tempo em que perdi a tinta e a minha produção foi significativamente menor. Desde 2009 que me voltei novamente para esta paixão de adolescente. Muitas vezes nela encontro o que não me é dado lá fora. Ou eu não encontro, ou nem procuro. Escrever é a minha terapia.  Tive um professor de português com quem aprendi quase tudo o que sei sobre escrita criativa, sobre filologia e sobre gramática. Entretanto fui convencida, mas pouco, de que levo alguma sensibilidade para escrevinhar algumas coisas, umas que vou mostrando, outras que vão ficando perdidas nos cadernos que guardo, ou não.
Ultimamente tenho participado em alguns desafios colocados pela autora do Blog histórias em 77 palavras e divirto-me imenso a fazê-lo. Hoje lembrei-me de partilhar também, com quem me vem aqui visitar, essas brincadeiras:
O desafio proposto tem sempre por base elaborar um texto com apenas 77 palavras, subjacente a um mote específico, é muito giro, salutar e desafiante.



Palavras chave:
envolvida -dalila- lacre-crepita-talentos-tosse-segue

Hoje ao serão, envolvida numa aconchegante manta de lã, Dalila espera notícias.Naquelas cartas amarelecidas que guardam ainda o lacre, jogadas numa das gavetas da velha escrivaninha, junto à lareira onde crepita o fogo, escondem mágoas de vidas antigas e talentos escondidos.Tosse e acorda o gato que enrolado aos seus pés lhe faz companhia nestes dias outonais de solidão. Uma nuvem de fumo segue a luz bruxuleante e timida que emana do candeeiro pendurado no teto. 



palavras chave: Choque-queríamos-mostarda-Daniela-latina-narigudo-domingo


Foi um choque saber que tinha reprovado...
-Todos queríamos que ela tivesse sucesso, mas aquela miuda espirrava como se lhe tivessem chegado a mostarda ao nariz!
-Quem?
-A Daniela, aquela das aulas da dança latina!
- Desde que arranjou aquele amigo narigudo, nunca mais a vi
- Veio cá o domingo
-Era muito gira em pequena e muito inteligente!
-Continua na mesma, agora é professora de salsa e de tangos na academia de música
-Passamos por lá, que dizes?





Palavra chave: Duas Melgas

Duas melgas na janela qual comadres em tarde de estio. Uma gorda, bonacheirona, divertida, apanha qualquer um na sua doce armadilha, a outra escanzelada, antipática e cheia de esperteza, mas pouco convidativa. Aguardam a hora de avançar na procura de incautos com pele macia, quente e doce. São sete horas de uma tarde quente e abafada. Quando de repente um trovão ribomba nos céus plúmbeos e uma torrente de água e vento as inunda e deixa moribundas.





Mote: alfabeto de a-z e z-a
Chá de Zimbro...

Antónia bebia cda espécie apreciada. Feito de ervas aromáticas gostoso e uma folha de hortelã adorna a infusão. Juntar amigos leva minutos e nada obsta ao papel da anfitriã quando risos soltos tumultam esta união na casa da velha Xica. Fosse chá de zimbro, zimbro?!, nem um xi-coração valia. Uma tosta simples, riscos e migalhas que põem outra nódoa na mesa levam junto ideias harmoniosas, gostos finos e dedos cobertos de bolachinhas gulosas que muito amamos.




Palavra chave: serenidade
Há pessoas assim. Toda ela refletia serenidade. Gestos suaves, voz pausada, olhar calmo, como calma a vida que levava. Os livros que lia com sofreguidão, a música dos grandes compositores escutada do velho gira discos. Os passeios por entre as tílias e os plátanos, do belíssimo jardim deixavam-na em extase. Dormia melhor depois do passeio, dizia! Nunca uma palavra de azedume se lhe ouviu, nunca um lamento pronunciou. E sofria!Quando amanheceu elevou-se em paz e serenidade.



Foto:Mafaldinha







domingo, 18 de novembro de 2012

Quando no cimo da falésia apenas vislumbrava o abismo
Cada novo amanhecer explodia em tormentas e diluvios
O dia adormecia nos braços da lua e o meu corpo arrefecia à míngua de calor
O fantasma desafiava os homens e humilhava sonhos
Desfeitos ao vento como areias na tempestade.

Nesse tempo em que a minha alma doía
Não cabia neste corpo feito de matéria inerte
Qual animal hibernado ou substância amorfa
Atropelada pelos desígnios da vida e do mundo
Fora um amor que passou na lâmina do tempo

E quantas pessoas caminharam já na minha direção que os meus olhos não viram?
Quantas vozes os meus ouvidos não escutaram?
Oiço apenas a tua voz, porque é o meu coração a escutar
Tu não caminhas na minha direção, vamos lado a lado
Na geometria sem pontos e sem linhas retas em busca do infinito

Esse tempo que tudo relativiza, que tudo amacia e que tudo lava
lavou o meu rosto das lágrimas que já secaram
Agora ajuda-me a dobrar as horas e sonhar de novo
Porque o tempo nunca passa, fica sempre connosco
Guarda o nosso nome!


sábado, 17 de novembro de 2012

Um segredo de ti

Esta noite não havia neblina
Por isso sentiste pela primeira vez o meu corpo junto do teu
Subindo as escarpas da falésia adormecida
No silencio do mar
Como uma concha que guarda uma pérola.
Admiramos a paisagem que se abre nessa vastidão de prazer 
Lá nesse lugar de ondas e de rebentação
Num labirinto de corpos e de gemidos,
Onde guardo pequenas feridas escondidas 
E um verdadeiro segredo

Foto:Mafaldinha

Pizza de fiambre e queijo

Gosto do outono dos dias lentos e que anoitecem cedo, sentir o sol a aquecer-me as faces e o vento frio que passa. Os gatos adormecem ao sol e os pardais já não esvoaçam por entre os ramos meio despidos do plátano e da tília. A serenidade do dia veste os nossos corações. Tudo é paz e harmonia que se reflete no sossego em que a vida doméstica decorre. Pintar uma joaninha, fazer exercícios da revista do Amiguinho, jogar no computador. Partilhamos momentos e memórias e afetos com quem mais gostamos, através de um prato de comida. Cozinho por prazer e para agradar ao estomago e ao coração.

Receita:
  • 225 g farinha de trigo 
  • 100 ml água 
  • 8 g fermento de padeiro 
  • 1/2 c. chá de sal 
  • 1 c. sopa de azeite,
Em cima da pedra da cozinha, ou num recipiente, amassa-se a farinha com os ingredientes como para fazer pão. Depois de bem amassada, vê-se quando a massa desliga das mãos deixa-se levedar durante cerca de 30 minutos. Tende-se a massa (estica-se e dá-se o formato pretendido, redondo ou quadrado). 


  • 200 g queijo mozzarella ralado 
  • 1 tomate maduro cortado em rodelas finas 
  • 100 g fiambre 
  • 2 c. sopa de polpa de tomate 
  • umas folhinhas de orégãos frescos 
Barre a pizza com as 3 c. de sopa de polpa de tomate e espalhe o tomate às rodelas pela pizza, as folhinhas de orégãos e por fim o queijo e o fiambre cortado em tiras.
Fotos: Mafaldinha















Leve a pizza ao forno a 200º (forno tradicional) durante 20 minutos ou até a massa estar cozida e o queijo derretido. Retire do forno e sirva ainda quente.

Uma delícia!

          Bom apetite!  



Foto: Mafaldinha

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

As gaivotas não adormeceram ainda
E esta noite as marés não vêm deitar-se na praia
E o sol esconde-se de mim e a lua é apenas por metade
Eu gelo à míngua do teu calor que demora em regressar
Ainda só vejo um fio do horizonte
Vim à tua procura confirmar que também os teus dedos vieram para me procurar
E pergunto-me onde deixaste a tua sombra quando aqui não estás
Se a vires diz-lhe que o tempo não passa quando os amantes regressam
E se nos perdermos nestes promontórios entre um mar de sargaço e de salinas
Será na primeira geografia do caminho onde ficaram as conchas e os búzios
Que começa o dia seguinte


Foto: Mafaldinha





domingo, 11 de novembro de 2012

Observo as águas aparentemente calmas deste rio que escondem turbilhões e rápidos, e num doce avançar desliza em direção ao mar. Tal como estas águas cinzentas e prateadas te vão encontrar lá longe, assim o meu pensamento vagueia na distância ao teu encontro.
Este rio que transpõe obstáculos e se espraia ao chegar à foz é o mesmo que por aí abaixo espartilhado entre serras e penedos intransponíveis, mas contornáveis, cresce e torna-se imenso e uma imensidão de água. Assim é muitas vezes com a vida e com o que dela se faz.
As nuvens cinzentas recortam o céu azul intenso e refletem-se nas águas do rio mirando-se no espelho. Na berma a colónia de patos brinca, os pequenos barcos ancorados decoram a paisagem no seu baloiçar dolente. Por vezes cruzam as águas as canoas da escola de remo e os risos e as conversas dos atletas, todos eles bem jovens misturam-se com o grasnar dos patos. Tudo parece calmo, aparentemente calmo, apenas em mim sinto o fervilhar de sentimentos que me custa a compreender. Queria estar feliz e não estou. Queria estar serena e também não estou. Queria ser sensata e não sei se o sou. Queria apreciar a beleza do local e não consigo e queria respirar este ar fresco e reconfortante e não me apetece. Apeteceu apenas tirar fotografias. Tem dias!










Fotos Mafaldinha

Dance me to


Frase de Leonard Cohen:
(Loved you in the morning)


 

sábado, 10 de novembro de 2012

Esperança-me

Matar a saudade no quarto minguante da lua
E sentir nas paredes do teu corpo o calor
Que me  apetece e me sacia, a minha boca
Ansiosa, húmida, ardente e mais coisa nenhuma
Invadir a tua. Rever de mim a parte que em ti guardas
Desse momento que demora
Tanto, que na linha do horizonte o comboio aguarda na estação
Como fauno das fragas e dos montes não revela o destino
E não diz ao vento  nem a ninguém das palavras impregnadas
Da sensualidade do momento. Esperança-me apenas.
(09/11/2012)


Foto Mafaldinha

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

matemática


Na aproximação a uma raiz quadrada
Pedir um número irracional
É um desafio matemático
Onde a lógica nunca falha
E o número de ouro és tu

Equacionamos variáveis
Tiramos tangentes e medimos ângulos
Calculamos o impossível
E desafiamos o infinito.
Tudo em incógnitas onde
a identidade do desafio único
Não é resolúvel

É a matemática
No seu mais puro saber
O imaginário complexo do nada
A probabilidade do impossível
Uma constante 

Apenas quem sabe amar
Consegue calcular
Um resultado perfeito
Decorrendo do teorema
Elevando o expoente à última potência

domingo, 4 de novembro de 2012


Oiço, bem dentro de mim
Um som
Não é a brisa, nem o vento nas árvores
Alguma coisa será…
Não posso ouvi-la senão em segredo
Num vazio de momento inesperado.
Ensina-me a sentir como quem ouve…
O seu mistério, a sua voz
Que na madrugada acende no seu rosto
E como se antes o mundo não tivesse existido,
Ensina-me a romper o dia claro.



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O som do nosso silêncio

Não! Não quero que seja a escuridão  a acompanhar os teus dias
Mas uma luz brilhante saída de um candeeiro iluminado.

Deixa-me seguir os teus passos no passeio da vida
Ora tímidos ora decididos
Pela estrada que é só nossa.

Por vezes o verbo é intermitente e cai no silêncio das palavras mudas
De um passado inexistente e de um futuro imperfeito.

E quando tocar o som do silêncio
Escutamos as nossas vozes
Ecoar nas paredes dos nossos corações 

Através do silêncio converso contigo
E o meu olhar dirá tudo o que sinto.

O caminho é estreito, mantém o coração aberto
E no silêncio,
Vamos!  Um pé seguindo o outro.

(Inspirada na música The Sound of Silence de Simon & Garfunkel)





quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dia de todos os santos e dos anjos que nos acompanham

«A morte chega cedo,
Pois breve é toda a vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida
O amor foi começado,
O ideal não acabou
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou
E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto», Fernando Pessoa -in Cancioneiro

Hoje é dia de todos os santos. Dia de rituais próprios na vida dos católicos. Visitar os cemitérios, colocar flores nas campas dos entes queridos, que antes do tempo foram retirados do mundo. É sempre cedo para morrer, como no poema de Fernando Pessoa. Presta-se homenagem, colocando uma vela, aos pais, aos amores de uma vida, aos avós, aos irmãos e muitas vezes aos filhos que contrariando a lógica da vida e da morte partem mais cedo ainda.  Por vezes apetece retirar estas pessoas do céu onde imaginamos velem por nós, para as poder abraçar novamente. Não ter medo de lhes dizer o quanto as amamos e quanta é a saudade que escorre no peito, viveríamos de  novo e uma nova vida que os designios de Deus e da natureza    do homem não permitem.
Como me dizia alguém, também é nosso o dia. Este ano ainda é feriado, dia de descansar dos horários e atribulações profissionais. Dia de ser feliz e de fazer felizes aqueles que amamos e estão próximo de nós, ou longe mas no nosso coração. A distância não deixa olhar nos olhos do outro mas deixa ouvir as palavras do coração. E por isso e porque prezo muito quem me ama, foi dia de fazer um bolo para o lanche. Pois há sempre um amiguinho que toca a campainha para brincar.
E hoje fiz bolo de maçã e nozes. 
Como são dias de doçuras e travessuras e aproveitando a abóbora esburacada, fiz um pouco de doce.  
Ficou uma delicia e foi muito apreciado pelas crianças presentes.






4 ovos
1chávena de açucar
2  colheres de mel
1 colher de azeite
1 +1/2 chávena de farinha com fermento
1/2  chávena de nozes em pedaços
1 chávena de maçã cortada em cubinhos
2 colheres de farinha de alfarroba
1 pitada de canela
medida (chávena de chá, colher de sopa)

Batem-se as gemas com o açucar, o mel e o azeite. Junta-se as nozes e a maça, e envolvem-se as farinhas peneiradas. Batem-se as claras em castelo e junta-se sem bater ao preparado. Deita-se numa forma redonda ou de bolo inglês previamente untada e polvilhada com farinha. Vai ao forno aquecido e coze durante cerca de 35 minutos a 180º. 


A musica que ouvi durante a tarde e gostei